Seminário Andifes discute propostas para criação da política nacional de EAD

Convergência de propostas para mudanças na política nacional de Educação a Distância (EAD) marcou as discussões do Seminário EAD: Virtudes e Desafios, realizado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), no dia 10, em Brasília. Especialistas colocaram como alternativa central para o avanço desta modalidade de educação sua institucionalização, sustentada pelas mudanças nos marcos legais, melhorias nos modelos de avalição, investimentos, capacitação das tutorias, ampliação da banda larga e garantia de mais autonomia pedagógica das Universidades Federais.

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Logo na abertura do evento o secretário de educação superior do Ministério da Educação (SESu/MEC), Jesualdo Pereira Farias, informou que a SESu ficará responsável pela política de EAD no âmbito do MEC. “Esta é a intensão do ministro Renato Janine Ribeiro e um pleito da Andifes, dos pró-reitores e dos coordenadores de EAD. Dentro do sistema de Universidades Federais existe o desejo que o financiamento seja orientado diretamente para as instituições e que as universidades tenham protagonismo de trabalhar suas políticas. O MEC vai apoiar esta solicitação”, disse o secretário.

Para a presidente da Andifes, reitora Maria Lucia Cavalli Neder, o anúncio feito pelo secretário da SESu, é um bom início para a institucionalização da EAD. “Na Andifes temos a Comissão de EAD, que já trabalha na constituição de uma nova política de educação a distância. A partir das linhas de discussões deste primeiro seminário, e de outros que contarão com as contribuições de novos atores, a Comissão de EAD vai elaboração um documento propositivo que será entregue ao MEC”, disse a presidente.

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PALESTRAS
A reitora Maria Lucia também fez parte do grupo de palestrantes do seminário, e colocou a AED como possibilidade de ressignificação dos paradigmas educacionais. Para ela, dentro do projeto de institucionalização, esta modalidade de ensino precisa reconfigurar os conceitos tradicionais na relação pedagogia de ensino e aprendizado, além de outros aspectos estruturais, para que possa atender as metas do Plano Nacional de Educação (PNE). “Nosso grande desfio está em cumprir as metas do PNE, em especial, na formação de professores e inserção dos jovens no ensino superior. Sem a EAD muito bem estruturada isso não será possível”, afirmou.
Na mesa de debates a pesquisadora em EAD da Universidade Federal de Goiás (UFG), Daniele da Costa Britto, destacou a falta de compreensão das especificidades da educação a distância na sua organização e gestão dentro do MEC. Para Daniele Britto, é necessária urgente atualização da regulamentação e normatização da legislação. “Hoje o grande avanço que temos é a inclusão da cultura da EAD dentro das universidades, mas precisamos avançar e corrigir distorções como avaliações fora da realidade e atividades duplicadas”, disse a professora.

A segunda mesa de debate trouxe os retratos da educação a distância com participações de três palestrantes. O pró-reitor de graduação da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), Marcelo de Andrade, apresentou um estudo realizado pelo Colégio de Pró-reitores de Graduação (COGRAD). Segundo a contextualização do COGRAD, é preciso haver mudanças no que se refere a questão docente das tutorias, uso de tecnologia, emprego de referenciais analíticos, para avaliação e regulação, e fomento à pesquisa em EAD. De acordo com Marcelo de Andrade este documento com as contribuições do COGRAD será entregue à Andifes e ao MEC.

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O diretor da Universidade Aberta do Brasil (UAB), Jean Marc Mutzig, fez uma análise da EAD sob uma perspectiva histórica e comparativa com outros países, além de contextualizar a modalidade no Brasil e suas especificidades. Para o diretor o modelo brasileiro é bom, mas precisa resolver alguns problemas, como os relacionados à recursos humanos, custo aluno, e, pincipalmente, a revisão do seu marco legal.

Revisão da legislação também foi um dos pontos tratados pela presidente do Fórum Nacional de Coordenadores da UAB, Nara Pimentel. Para ela existe um “engessamento” do modelo de AED, que permeiam vários campos de atuação. “Precisamos fazer uma reflexão de como podemos mudar porque nos deparamos comumente com descontinuidade de programas. Os problemas da EAD precisam ser identificados de fora para dentro e de fora da dentro. Estamos sendo empurrados a mudar este modelo, seu financiamento, avalição e legislação”, disse a presidente Nara Pimentel.

No segundo momento do seminário foi debatido sobre os meios e os sistemas de organização da EAD. Marta Abram, secretária de regulação e supervisão do ensino superior/MEC, começou o debate reconhecendo não haver, hoje, equipe disponível para realizar supervisão e regulação como precisa a EAD. Ela também apresentou os números da EAD segundo o Censo de 2013, com relação de oferta, demanda, taxa de crescimento e principais desafios, principalmente para atingir as metas do PNE.

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O conselheiro da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE), Luiz Dourado, fez parte deste debate falando sobre a nova regulamentação para a educação a distância, que está sendo debatida no CNE. Já o diretor-geral da RNP, Nelson Simões, detalhou como funciona as tecnologias para o aprendizado e os cinco componentes mais importantes para o avanço da EAD, como; infraestrutura de comunicação, armazenamento e distribuição, plataforma de colaboração, compartilhamento de recursos e governança.

O encerramento do seminário ocorreu com a apresentações dos modelos e experiências de AED em cinco Universidades Federais, UNIFAP, UFSB, FURG, UFG e CEFET-RJ. O seminário contou com cerca de oitenta participantes, reitores, pró-reitores, coordenadores da UAB das Universidades Federais, pessoas interessadas no tema ligadas à CAPES e à Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).

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Todas as apresentações podem ser acessadas através do site da Andifes. www.andifes.org.br

Ascom Andifes