Ainda sem acordo com governo, greve da Ufac completa 4 meses

Categoria deve se reunir com Ministério da Educação no próximo dia 5. Servidores da Ufac estão em greve desde o dia 29 de maio deste ano.

Ainda sem grandes avanços nas negociações, a greve da Universidade Federal do Acre (Ufac) completa, nesta terça-feira (29), quatro meses. O presidente do Comando de Greve, Gilberto Melo, diz que existiram diversas tentativas de buscar um diálogo com o governo federal. No entanto, nenhuma das propostas apresentavas até o momento conseguiu atender as demandas da categoria.

“Esse período de quatro meses foi a possibilidade de construção de uma luta unitária com a categoria dos serviços públicos federais na perspectiva de arrancar do governo um processo de negociação em torno da questão da campanha salarial. É um processo difícil, mas as diversas categorias, respeitadas as especificidades, compreenderam a necessidade de estar juntas na luta pelo bem maior, que é a defesa dos serviços públicos”, diz.

De acordo com Melo, ainda não existe uma previsão do fim da paralisação, no entanto, uma reunião com o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, está marcada para o próximo dia 5 de outubro, no âmbito do Comando Geral de Greve, em Brasília. No dia seguinte, em assembleia na Associação dos Docentes da Ufac (Adufac), a categoria deve fazer um balanço e deliberar sobre o andamento da greve.

“Ao longo desses quatro meses, o ministro manteve-se ausente das negociações. Após essa reunião, faremos uma avaliação da conjuntura e das perspectivas da greve nacional. Queremos que ele diga alguma coisa, algo que, efetivamente, dê uma resposta para a categoria de que valeu a pena”, fala.

O presidente do comando reconhece que a greve afeta diretamente a vida dos estudantes, mas reitera que a luta é pela melhoria da educação pública. “É uma luta pela manutenção do serviço público, de um patrimônio que é de todos nós, uma universidade pública, gratuita e, acima de tudo, pela nossa dignidade enquanto profissional. Se não lutarmos, infelizmente, não tem que lute por nós. O ideal seria que todos estivessem conosco”, acrescenta.

Segundo Melo, os docentes reivindicam, principalmente, valorização salarial e reestruturação da carreira docente. Além disso, defendem a autonomia da instituição, melhoria das condições de trabalho e valorização dos ativos e aposentados. O índice de reajuste salarial que eles cobram do governo federal é de ao menos 19,7%, destinado à reestruturação de carreira.

Greve da Ufac

Os professores da Ufac aderiram ao movimento nacional e deflagraram greve no dia 29 de maio, no campus de Rio Branco e em Cruzeiro do Sul. Dentre as reivindicações, a categoria pede melhores condições de trabalho e valorização salarial. Os docentes são contra o risco da contratação de profissionais terceirizados e defendem a autonomia da instituição.

No dia 17 deste mês, a Ufac publicou, em sua página oficial da internet, uma circular enviada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão em que era cobrado o corte dos salários dos servidores federais em greve desde o dia 29 de maio. Contrariando a nota, o reitor Minoru Kimpara negou o pedido e garantiu que não haveria o corte. Apesar de reconhecer a atitude do reitor como positiva, o Comando de Greve o criticou por não discutir com a categoria pautas específicas da instituição.

No dia 28 de agosto, um grupo de servidores da Ufac realizou um novo protesto em frente ao campus em Rio Branco. Na ocasião, os grevistas seguiam uma iniciativa nacional para pressionar o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, a receber representantes do movimento.

No dia 27 de agosto, docentes e servidores de diversas outras categorias se reuniram em protesto no Centro de Rio Branco com cartazes e carro som. A ideia era chamar atenção para a qualidade dos serviços públicos prestados por cada órgão. Na manifestação tinham também representantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre (Ifac) e Instituto Nacional do Seguro Social do Acre (INSS).

Em nota, o Ministério da Educação, chegou a dizer que “está aberto ao diálogo com todas as entidades representativas dos docentes e técnicos administrativos das instituições federais”. O órgão salientou que “tem acompanhado a mesa de negociação salarial com as entidades representativas e o Ministério do Planejamento”. Disse também que “em 2015 docentes e técnicos administrativos das instituições federais já tiveram reajuste por conta do acordo de 2012”. O Ministério do Planejamento é quem está responsável pelas negociações salariais.

Caio Fulgêncio – G1