UFOPA: Uma Uni(di)versidade com relevante papel no oeste paraense

A localização da Ufopa traz um diferencial que a torna singular entre todas as universidades federais brasileiras. É demandada para ofertar Ensino, Pesquisa e Extensão a uma área que reúne mais de 1 milhão e 300 mil habitantes (20% da população do estado), em um território que abrange 60% do estado do Pará.

Situada em sete municípios da confluência de dois importantes rios da grande bacia do rio Amazonas, a Ufopa traz consigo a missão de responder a problemas de envergadura continental. Por isso, foi concebida no MEC como uma das quatro Universidades de Integração (Uniam), junto à Unila, Unilab e Fronteira Sul.

A relevância estratégica da localização da Ufopa vai além do aspecto geográfico. Esta região abriga um patrimônio arqueológico e cultural dos mais significativos das Américas. Tal importância não teve correspondência com a valorização de seus povos. Contudo, apesar de uma ação avassaladora de extermínio dos povos ancestrais, vários grupos resistiram e se mantiveram, territorializados ou não, como testemunhas de uma das mais antigas ocupações humanas das Américas.

Apoiada em políticas públicas recentes de inclusão social, a Ufopa já tem entre seus alunos mais de 300 quilombolas e indígenas, entre os quais também se observam grandes diferenças internas, de natureza étnica, religiosa, política, ideológica, origem territorial e de identidades. Aqui também estão os descendentes de todos esses grupos, etnias e nacionalidades que estão na base da formação social da Amazônia e do Brasil. Entre alunos, técnicos e docentes, cada história individual remonta a um pedacinho da história de todos nós, ressaltando nossas singularidades, mas também a nossa unicidade.

No bojo de investimentos de infraestrutura para a exportação de grãos do Centro-Oeste, a região se encontra no limiar de uma nova era. De um lado, a maioria das populações locais, com suas características diversas, vivendo (bem ou nem tanto) das florestas, dos rios, da agricultura familiar, do extrativismo e do comércio. Do outro lado, uma convergência de grupos econômicos com ligações políticas locais e influência nacional e internacional, produzindo transformações ambientais irreversíveis e impactos socioculturais de futuro incerto.

O processo de integração recente traz a necessidade de uma nova rota (não mais ciclos temporários!) de desenvolvimento que harmonize as concepções de modernização de fora com a sustentabilidade interna, que tenha como horizonte a valorização e a proteção de conhecimentos tradicionais, a difusão de conhecimentos já produzidos e incorporados socialmente e a busca de inovações que estimulem os diversos protagonismos da inteligência local.

Os atuais problemas regionais no âmbito da educação, da saúde, da gestão pública, da infraestrutura e logística interna e a enorme potencialidade das alternativas econômicas têm soluções aqui, e a Ufopa tem um compromisso de estudar e formar profissionais que agreguem eficiência para essas e outras questões.

Qual o futuro da economia e das sociedades que formam o atual Oeste do Pará? No que podemos influenciar para os próximos dez, vinte, cinquenta anos? Como a pluralidade étnico-racial se integra de forma proativa na busca dessas soluções? Com estas perguntas, a Ufopa convidará outras instituições de ensino superior e organizações sociais e empresariais da região para os “Diálogos sobre o futuro: elaboração de propostas para o desenvolvimento regional com pluralidade sociocultural”, com apoio de parceiros governamentais.

Essas perguntas de natureza estratégica norteiam a atual gestão, que vive os desafios diários de administrar um largo passivo de implantação física e um projeto acadêmico ainda em construção. Essas questões serão dialogadas com a comunidade por meio da Política de Ações Afirmativas, da Política de Pesquisa, Ensino e Extensão e da Política de Inovação, mas também por meio de projetos que possam ser assumidos pelas administrações públicas e outros agentes institucionais e sociais. Muito está sendo feito por docentes, pesquisadores, técnicos e alunos. Esses esforços podem ganhar em eficiência, interagindo e se somando numa política institucional, em sintonia com os esforços da sociedade diversa envolvente.

 

Por Reitora Raimunda Monteiro – Reitora da Universidade Federal do Oeste do Pará