A partir do primeiro semestre de 2015, a UFMG vai estrear nova modalidade de oferta de disciplinas  aos  alunos  de graduação da Universidade: as Formações Complementares de Caráter Geral (FCCGs), que vão abordar temáticas de interesse geral, acessíveis a todo o corpo discente.

A novidade está sendo gestada pela Pró-reitoria de Graduação em diálogo com as demais instâncias da Universidade. Atualmente, os anteprojetos das resoluções que regulamentam a oferta estão sendo apreciados pelos coordenadores de curso, na expectativa de que eles colaborem sugerindo melhorias. A previsão é de que, em setembro, os anteprojetos voltem à Câmara de Graduação para que as possíveis sugestões sejam incluídas e, a seguir, a proposta seja encaminhada ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe).

Uma Formação Complementar de Caráter Geral (FCCG) é um conjunto de seis disciplinas tematicamente articuladas que totalizam 360 horas-aula e resultam em uma competência específica. São prioritariamente de caráter inter, intra e transdisciplinares que, ainda que estejam submetidas ao contexto burocrático da graduação do aluno, serão oferecidas livremente nas unidades da Universidade – até mesmo em grandes áreas do conhecimento diferentes daquela à qual o curso do aluno está vinculado. Ao se matricular em uma Formação Complementar de Caráter Geral relacionada à temática dos direitos humanos, por exemplo, pode ser que um aluno da grande área das Ciências Exatas e da Terra e Engenharias venha a cursar disciplinas também das Ciências Humanas e das Ciências Sociais Aplicadas.

A perspectiva é de que, no primeiro semestre de 2015, já sejam oferecidas dez FCCGs. O pró-reitor Ricardo Takahashi explica que atualmente já há um conjunto de disciplínas estruturado com foco nos saberes tradicionais, pronto para ser aprovado. Ele possibilitará, por exemplo, que alunos de graduação consolidem um percurso relacionado aos saberes de comunidades indígenas e quilombolas. “Também encomendamos ao Programa Ações Afirmativas uma proposta focada em sua especificidade. A previsão é de que até novembro ela seja apresentada e implantada para ser oferecida já no próximo ano, juntamente com a FCCG sobre saberes tradicionais”, conta Takahashi.

O pró-reitor lembra que a ideia de se ofertar percursos focados em saberes tradicionais, ações afirmativas e direitos humanos surgiram em razão de mudanças no perfil da Universidade em relação ao seu corpo discente. “A criação desse mecanismo vai favorecer a formatação de conjuntos de disciplinas os mais diversificados”, informa. Para Takahashi, um tema que certamente demandará uma FCCG é o da sustentabilidade. “Parece-nos que geraria ampla procura, resultando em bloco de disciplinas a ser cursado por alunos das humanidades, das exatas, da saúde, por exemplo, sendo aproveitada por todos de diferentes formas: cada um no seu viés específico”.

Articulação com a pós

Paralelamente à obtenção do título de graduado ao final de seu curso, o aluno que integralizar as 360 horas-aula de uma FCCG receberá certificado de conclusão específico, expedido pela Pró-reitora de Graduação. “É interessante lembrar que essa formação tem a mesma carga horária de uma pós-graduação lato sensu. Isso assegura ao aluno uma capacitação específica sobre determinado tema. Ele adquirirá uma visão crítica da área em questão, importante para a sua vida pessoal e profissional”, diz o pró-reitor. As FCCGs poderão ser incluídas, em sua totalidade ou parcialmente, nos currículos básicos dos cursos de graduação da UFMG, já que a possibilidade de oferta de formações complementares estava prevista desde a flexibilização curricular realizada em 1999 – ainda que não tivesse, desde então, se materializado plenamente nos currículos de graduação. A formatação das ofertas ficará a cargo dos colegiados dos cursos.

Ewerton Martins Ribeiro – UFMG