O seminário Qual Universidade servirá ao Brasil do Futuro?, promovido pela Associação Nacional dos Dirigentes da Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) debateu ontem (17), os desafios para as Universidades Federais sobre a ótica de especialistas e ministros de estado. De forma geral foi posta a importância destas instituições em se adequarem a velocidade da criação do conhecimento, investindo em ciência, tecnologia e inovação e interligando estes setores com a educação. O novo perfil inclusivo das universidades também foi avaliado por reitores de cinco universidades.

O primeiro debate contou com a participação do Ministro da Educação (MEC), Henrique Paim e com o Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Clélio Campolina. Ambos apresentaram os avanços nas duas áreas para o ensino superior público e elegerem a integração das universidades com CTI e setor produtivo, como projeto de desenvolvimento do país. Henrique Paim disse que este novo ciclo para as Universidades Federais deve ser focado na melhoria da gestão, na criação de projetos estratégicos individuais, mas todos conectados com o Plano Nacional de Educação (PNE).

Já o ministro Clélio Campolina afirmou que o Programa de Plataforma do Conhecimento, lançado este ano, pelo MCTI será uma importante ferramenta para o desenvolvimento da cadeia produtiva de pesquisa e inovação, e as universidades são partes importantes neste ciclo em que vive o país. Para o ministro de CTI, é preciso avançar nas mudanças dos marcos legais para desburocratizar a pesquisa e sugeriu que seja feita uma reestruturação do trabalho no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

A mesa sobre Panorama e Perspectiva do Ensino Superior no Mundo, foi conduzida pelo convidado internacional, Jamil Salmi, economista, ex-coordenador do programa de ensino superior do Banco Mundial. Salmi apresentou uma avaliação dos sistemas de educação superior de países da América Latina em comparação com modelos de outros continentes. O Brasil foi colocado como um país que tem um grau de investimento satisfatório em pesquisa e tecnologia, mesmo estando distante dos países mais desenvolvidos. No entanto, o conhecimento produzido, assim como seus pesquisadores, são contingenciados nas instituições e deixam de integrar o sistema produtivo do país.

O economista diagnosticou que os países da América Latina, inclusive o Brasil, precisam incorporar políticas de CTI como solução para os problemas, e que é necessário fazer mudanças rápidas no modelo de educação, deixando de ser transferência de conhecimento para ser construção do conhecimento. Jamil Salmi destacou que o modelo de educação tem que ser reconstruído levando em consideração habilidades e competências transversais, uso de tecnologia para melhorar a prestação de serviço e pedagogia que foque nas necessidades dos alunos e formem profissionais e cidadãos globais.

O último momento do seminário debateu Universidade Pública Brasileira: O Desafio da Inclusão com Excelência. Integraram o debate as reitoras Maria Lúcia Neder (UFMT), RoselaneNeckel (UFSC), Raimunda Nonata (UFOPA) e os reitores Jesualdo Pereira Farias (UFC), Jaime Ramirez (UFMG) e Natalino Salgado (UFMA). Os dirigentes abordaram a democratização do acesso ao ensino como princípio norteador das políticas públicas, coloram atenção às demandas regionalizadas e reforço nos programas de assistência estudantil.