“Preocupação forte de formar pessoas adequadas para o mercado de trabalho”

José Ivonildo do Rêgo, diretor do Instituto Metrópole Digital da UFRN destaca a missão da instituição e planeja implantar um centro para a descoberta de alunos superdotados

 

O Instituto Metrópole Digital (IMD) é uma Unidade Suplementar da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que atua na formação de pessoal de nível técnico, superior e na pós-graduação. Funcionando em duas unidades físicas – Centro Integrado de Vocação Tecnológica (CIVT) e Núcleo de Pesquisas e Inovação em Tecnologia da Informação (NPITI), o IMD tem como meta fomentar a criação de um polo tecnológico no Rio Grande do Norte, abrangendo iniciativas do setor público, privado e acadêmico.

A frente desse centro de excelência está o engenheiro José Ivonildo do Rêgo que é Professor Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Ele tem uma larga experiência em gestão universitária, tendo sido reitor da UFRN por três mandatos e presidente da Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – ANDIFES.

Em entrevista ao Jornal da Ciência, o diretor do IMD, fala dos trabalhos do instituto, de sua importância para o desenvolvimento da CT&I do estado e dos planos para o futuro que incluem a implantação de um centro para proporcionar a descoberta e acompanhamento de estudantes com altas habilidades, os chamados “superdotados” das redes pública e privada de ensino no Rio Grande do Norte. A ideia é despertar o interesse dos jovens pela pesquisa científica, ampliar suas competências e expandir a criatividade nos domínios da tecnologia da informação e suas interfaces.

Jornal da Ciência – Quando foi criado o IMD?
José Ivonildo do Rêgo – O Instituto Metrópole Digital foi criado em maio de 2011, a partir do projeto Metrópole Digital, que começou a ser implantado entre 2009 e 2010, com apoio da FINEP e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) através de uma iniciativa do deputado federal Rogério Marinho, que alocou R$ 40 milhões em emendas parlamentares para o projeto. Hoje ele é uma Unidade Suplementar da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, ocupando dois prédios com área total de 10 mil metros quadrados no campus da UFRN.

JC – Nesse período quantas pessoas de nível técnico, superior e na pós-graduação foram formadas?
JIR – No Curso Técnico em Tecnologia da Informação, até o momento 2.203 alunos concluíram o Módulo Básico, 1.051 concluíram o Módulo Avançado e 189 concluíram todas as etapas do curso e obtiveram o diploma de técnico. Como a primeira turma do Bacharelado em Tecnologia da Informação ingressou em 2013, ainda não há alunos do curso graduados. Na pós-graduação também não há ainda alunos formados.

JC – Quais os pontos fortes do IMD?
JIR – Eu gostaria de destacar os modelos de formação que estão sendo trabalhados no IMD, com uma preocupação forte de formar pessoas adequadas para o mercado de trabalho. Primeiro nosso Curso Técnico em Tecnologia da Informação, que oferece anualmente na ordem de duas mil vagas, com 70% das vagas reservadas para alunos das escolas públicas. Esse curso técnico oferece as seguintes habilitações: Informática para Internet, Redes de Computadores, Automação Industrial, Eletrônica e Programação para Jogos Digitais.

E destacaria também o Bacharelado em Tecnologia da Informação (BTI), que é uma proposta que segue os modelos dos bacharelados interdisciplinares e que abre outros caminhos para formação em nível de graduação.

JC – Qual o diferencial desse Bacharelado?
JIR – Com oferta anual de 300 vagas, o BTI segue os modelos de cursos em ciclos mais curtos, tendo uma grade formação de seis semestres, sendo os três primeiros semestres compostos por disciplinas comuns para todos os alunos e os três últimos de livre escolha, podendo seguir uma das sete ênfases: Sistemas Embarcados, Sistemas de Informações Gerenciais, Informática Educacional, Ciência da Computação, Engenharia de Software, Tecnologia da Informação, Redes de Computadores e Bioinformática. Com isso ele se torna um bacharel em Tecnologia da Informação. E para os alunos que seguirem nas ênfases de Engenharia de Software e Ciência da Computação, após concluir o BTI, com mais um ano e um ano e meio, respectivamente, eles terão um segundo diploma na ênfase escolhida.

JC – E como funcionam os cursos de pós-graduação?
JIR – Em nível de pós-graduação, nós temos uma Residência em Engenharia de Software e um Mestrado Profissional também em Engenharia de Software. O modelo da Residência, que equivale a uma especialização, tem como referência a residência médica, mas, nesse caso, a empresa faz o papel do hospital. Tanto o Mestrado quanto a Residência promovem a integração do aluno com o mercado de trabalho, fazendo com que o conhecimento gerado na formação acadêmica seja transferido para as empresas.

JC – O que é o Inova Metrópole?
JIR – É uma incubadora de empresas que dispõe de uma área de 2.000 m² e com capacidade de incubar até 50 empresas. Nós acolhemos ideias inovadoras e que têm potencial empreendedor e a equipe da nova empresa recebe todo o suporte necessário de gestão, tecnológico, jurídico e administrativo. Atualmente temos 11 empresas na fase de incubação, 16 empresas na fase de pré-incubação e uma empresa recentemente graduada, a SIG Software.

JC – Qual a importância deste instituto para o desenvolvimento da CT&I do Rio Grande Norte?
JIR – O IMD tem como objetivo central contribuir para estruturar no estado do Rio Grande do Norte um Polo Tecnológico na área de Tecnologia da Informação.

JC – O que o senhor destacaria na área de pesquisa e inovação do IMD?
JIR – Recentemente o IMD apresentou uma proposta de criação de um Instituto Nacional para o Estudo de Cidades Inteligentes (INECI), com foco forte na área de segurança, mobilidade urbana e saúde. O projeto foi submetido a edital do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. O projeto INECI é constituído de sete parceiros nacionais e cinco parceiros internacionais. A maioria dos parceiros possuem um longo histórico de uma frutífera colaboração anterior em projetos nacionais e internacionais, criando um cenário de confiança e familiaridade entre os membros. Dentre esses parceiros estão duas empresas nacionais, dois centros de pesquisa e nove universidades (sendo cinco no Brasil, três na Europa e uma nos Estados Unidos).

JC – Há algum trabalho em parceria com outras instituições nacionais e/ou estrangeiras de pesquisa?
JIR – O IMD possui cooperação com laboratórios e instituições nacionais e internacionais, como o Cenpes (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello), a Petrobras, o INPE-CRN, o Instituto do Cérebro (ICe/UFRN), a Universidade Federal de Campinha Grande (UFCG), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Université Pierre & Marie Curie (Paris 6 – França), a Universidade da Florida (EUA) e o MIT (EUA).

E em parceria com a Secretaria Estadual de Educação (SEEC) e com o Ministério da Educação (MEC) e apoiado pela Rede Nacional de Pesquisa (RNP), o IMD trabalha no projeto que está se consolidando no nosso estado, que é a Rede Giga Metrópole. Essa rede vai conectar à internet banda larga todas as escolas públicas das dez cidades da Região Metropolitana de Natal, que abriga mais de 40% da população do estado, beneficiando 650 escolas com uma estrutura de 450 km de fibra ótica instaladas. A construção da Rede Giga Metrópole foi motivada por um estudo do IMD e da SEEC sobre a situação da conectividade das escolas públicas da Grande Natal, que mostrou que cerca de metade das escolas não contavam com nenhum recurso de conectividade e a velocidade média de acesso das que estavam conectadas ficava em torno de 370 Kbps.

JC – Quais os planos para o futuro?
JIR – O IMD está articulando com a UFRN, o Governo do Estado e a Prefeitura do Natal a criação de um Parque Tecnológico na área de Tecnologia da Informação. No momento, está sendo discutida a localização deste parque, ou melhor, a disponibilização de um terreno próximo ao campus da UFRN para a construção do parque. Além disso, estamos planejando montar um centro para proporcionar a descoberta e acompanhamento de estudantes com altas habilidades/superdotados das redes pública e privada de ensino no Rio Grande do Norte. Nosso objetivo é despertar o interesse dos jovens pela pesquisa científica, ampliar suas competências e expandir a criatividade nos domínios da tecnologia da informação e suas interfaces.

Nossos planos também incluem a implantação de novos programas de pós-graduação nas áreas de Sistemas Embarcados, Bioinformática, Informática Educacional e Jogos Digitais.

 

 

Edna Ferreira / Jornal da Ciência