USP deve gastar R$ 300 milhões com demissão de funcionários

Dos quase 17,3 mil servidores da instituição, 1.428 aderiram ao PDV; redução na folha de pagamento será de 4,4%

SÃO PAULO – A Universidade de São Paulo (USP) planeja gastar cerca de R$ 300 milhões com o plano de demissão voluntária (PDV) de funcionários, principal aposta da reitoria para conter a crise financeira. Dos quase 17,3 mil servidores da instituição, 1.428 aderiram ao programa.

O dinheiro será usado para pagar acertos e indenizações dos servidores, que deixarão a universidade até abril. A reitoria incentivou o desligamento antecipado com benefícios financeiros. O investimento de aproximadamente R$ 300 milhões, apurado pela reportagem com fontes da reitoria, não foi confirmado pela assessoria de imprensa da universidade.

A redução na folha de pagamento mensal será de 4,4% – abaixo do teto previsto, de 6,5%. O planejamento inicial era gastar até R$ 400 milhões com o programa, voltado para servidores com idade entre 55 e 67 anos e mais de 20 anos de carreira na USP. O PDV não se estendia a docentes.

Apesar do recuo no número de funcionários, o comprometimento dos repasses do Tesouro Estadual com salários deve ficar acima dos 100% até o fim do ano. Os efeitos do PDV na contenção da crise devem aumentar significativamente só em 2017, quando for recuperado o gasto com as rescisões.
Com o desempenho econômico fraco no País, a USP se prepara para outro ano difícil. A universidade vive de uma cota fixa da arrecadação estadual do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O orçamento de 2015, segundo a USP, será monitorado e revisado ao longo do ano com o objetivo de adequar as despesas ao volume de receitas.

Críticas. O programa de demissões foi alvo de duras críticas de entidades sindicais da USP, que acreditam em sucateamento e sobrecarga de trabalho. Até agora, o principal efeito do PDV foi a suspensão de novas matrículas nas cinco creches da universidade, após a saída de mais funcionários do que o previsto.

Segundo levantamento do Sindicato de Trabalhadores da USP, entre 120 e 150 vagas foram suspensas. Aqueles que já estavam matriculados em 2014, no entanto, tiveram a permanência garantida. São cinco creches: três na capital, uma em São Carlos e outra em Ribeirão Preto, que atendem 580 crianças. A reitoria ainda não divulgou quais setores tiveram mais baixas.

A administração da universidade promete remanejar servidores entre órgãos e faculdades depois da demissão de todos os participantes do PDV. A contratação de professores e técnicos segue congelada desde fevereiro do ano passado.

A USP está em crise financeira desde o final de 2013, por gastar cerca de 105% de suas receitas com os salários de docentes e servidores.

VICTOR VIEIRA – O ESTADO DE S. PAULO