Renato Janine Ribeiro tem apoio da área, mas verba menor

O professor da USP Renato Janine Ribeiro assumirá o Ministério da Educação com o apoio de boa parte dos setores da área, mas com a tarefa de dirigir uma pasta que enfrenta restrições orçamentárias.

Em entrevistas e artigos, ele já defendeu a expansão do Pronatec (cursos técnicos custeados pela União) e implementação de estágio social obrigatório para alunos de universidades públicas.

Ribeiro começou sua carreira na universidade há 45 anos, já como professor da USP de ética e filosofia –áreas em que atua até agora.

Entre 2004 e 2008 foi diretor de avaliação da Capes, braço do Ministério da Educação responsável pela pós-graduação do país.

A experiência na área fez com que seu nome fosse celebrado por entidades com perfis diferentes, como a ONG Todos pela Educação, Andifes (reitores das universidades federais) e Campanha Nacional pelo Direito à Educação –ouvidas nesta sexta-feira (27) pela Folha.

Havia ainda campanha nas redes sociais pela escolha.

“Já estávamos pensando em divulgar um texto pedindo que o nome escolhido tivesse envolvimento com educação. Felizmente, foi o caso”, afirmou o presidente da Andifes, Targino de Araújo.

Porém, junto com os elogios, vêm as preocupações com a redução do Orçamento da educação imposta neste começo de segundo mandato de Dilma Rousseff.

As universidades federais, por exemplo, estão com problemas de custeio. Na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), as contas estão atrasadas, e as aulas chegaram a ser adiadas devido à falta de limpeza no campus.

O governo Dilma enfrentou também neste início de ano o desgaste de ter aplicado medidas de contenção em duas bandeiras de campanha, o Fies e o Pronatec.

No primeiro, de financiamento a universitários, haverá diminuição no número de novos contratos, além da dificuldade de renovação dos benefícios já concedidos.

No segundo, tem havido atrasos nos repasses das mensalidades às escolas e a turma de 2015 foi adiada.

Além do problema orçamentário, Ribeiro enfrentará um problema que vem de outras gestões, que é a melhoria da qualidade do ensino básico. O país segue nas últimas posições no Pisa, exame internacional aplicado a alunos de 15 anos. É o 58º melhor entre 65 países avaliados.

O problema é ainda maior no ensino médio, nível em que as avaliações nacionais mostram que as notas estacionaram em patamar baixo.

O Todos pela Educação e a Campanha Nacional pelo Direito à Educação também apontam como desafio a implementação do Plano Nacional de Educação, sancionado ano passado pela presidente, que impõe metas a serem atingidas pelo país até 2024. “A presidente não toca mais no assunto”, disse Daniel Cara, da Campanha.

IDEIAS

Sobre o ensino superior, Ribeiro defendeu em um artigo de 2009 que os alunos de universidades públicas, “que estudam gratuitamente graças ao investimento público”, devem ter “participação ativa em programas de extensão de alta relevância social”.

No texto, ele chamou a atividade de estágio social obrigatório, “consolidando a formação de forma interdisciplinar, reflexiva e, principalmente, engajada”.

Já na edição deste mês da revista “Brasileiros”, Ribeiro defendeu a expansão dos cursos técnicos do Pronatec.

Ele diz que projetos nessa linha são importantes porque “programas sociais são bons, mas muitas pessoas entraram em uma zona de conforto, em vez de se prepararem para serem melhores trabalhadores”.

Fábio Takahashi – Folha de S. Paulo