Andifes recebe Unicamp, Embrapa e CBPF para debater o papel do Estado na Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) promoveu um debate sobre o papel do Estado na Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação. Os seminários foram realizados durante todo o dia da última quarta-feira (21), com a presença de especialistas, profissionais e representantes de importantes instituições, com diferentes visões e ampla experiência.

Gustavo Balduino, secretário-executivo da Andifes

“Com esses convidados, buscamos uma visão plural e qualificada. Temos representantes de diferentes órgãos estatais, universidades federais e estaduais, ministério da Educação, da Agricultura e do próprio Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações”, ressalta o secretário executivo da Andifes, Gustavo Balduino. 

Reitor José Arimatéia Dantas Lopes (UFPI), primeiro vice-presidente, e reitor Emmanuel Zagury Tourinho (UFPA), presidente da Andifes

De acordo com o presidente da Andifes, professor Emmanuel Tourinho, a excelência das atividades de ensino, pesquisa e extensão, bem como a eficiência na gestão praticada nas universidades federais são frutos de muito trabalho e do uso intensivo do conhecimento produzido nas próprias universidades e, também, alcançado na interlocução permanente da Andifes com instituições parceiras e profissionais qualificados. Dessa maneira, a avaliação criteriosa, ao início de cada ano, já é uma tradição entre os reitores, que realizam uma formulação de ações bem fundamentadas, com o objetivo de alcançarem resultados efetivos para as universidades federais.

Especialistas fizeram análise do papel do Estado na Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação

O diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Ronald Cintra Shellard, fez uma contextualização da atual crise econômica e afirmou que faltam investimentos em recursos e em mão-de-obra qualificada. “A febre amarela, por exemplo, não é uma crise por excesso de mosquitos. É uma crise por falta de investimentos em estudos para prevenção de epidemias”.

Para o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Antônio Lopes, ciência e inovação são resultados de uma construção contínua e permanente. “Nos últimos 40 anos, por exemplo, o Brasil realizou um trabalho incomparável pela agricultura e pela segurança alimentar, algo que não existia nos anos 1970. Nós tínhamos que importar tudo. E hoje, alcançamos a segurança alimentar de forma extraordinária graças à pesquisa pública realizada pelas universidades. Investir em pesquisa é investir em desenvolvimento”, afirmou. 

Ao fazer um comparativo entre os investimentos e resultados do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e a realidade da ciência no Brasil, o reitor da Universidade de Campinas (Unicamp), Marcelo Knobel, destacou que as boas universidades no Brasil custam pouco, caro mesmo é não saber criar conhecimento. “No Brasil, as fontes de receitas não são tão diversificadas como em outros países. E também é verdade que nossas melhores instituições custam relativamente pouco ao Estado brasileiro.Uma comparação entre a Unicamp e o MIT, duas universidades de excelência em seus países e com grande vocação para a produção de tecnologia, evidencia esse fato. A Unicamp tem, somando repasses do governo do Estado e receitas extra orçamentárias, uma receita anual, em paridade do poder de compra, de cerca de US$ 1,1 bilhão – menos da metade da do MIT. ”

Além dos reitores, representantes da UNE, do Andes, jornalistas e outros convidados participam de debate sobre o papel do Estado na Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação

O reitor Tourinho enfatizou que o fato de precisar discutir investimentos em Ciência e Tecnologia já é um indicador do cenário negativo vivenciado no Brasil. “Passamos por um período com intensas mudanças e polarizações, em que a sociedade brasileira discute o modelo de desenvolvimento do País. O papel do estado, em particular no que se refere às políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação e de Educação, merece destacada atenção. Nossas políticas são insuficientes e instáveis – descontinuadas. ”

Veja aqui as apresentações dos especialistas na íntegra