Com quase seis anos de existência, Unilab forma primeiro mestre

Na sexta-feira (3), o mestrando Rinardo Mesquita defendeu a dissertação “Corpo e Ancestralidade em Danças Negras Brasileiras Contemporâneas: Processos de Pertencimento no Ponto de Cultura Galpão da Cena – Itapipoca-CE”, aprovado com louvor, obtendo nota máxima e indicação para publicação. A pesquisa, desenvolvida durante os dois anos de Rinardo no Mestrado Acadêmico em Sociobiodiversidade e Tecnologias Sustentáveis (Masts), foi a primeira defendida não só no âmbito do mestrado, mas da Unilab.

O trabalho teve a orientação do professor Luís Tomás Domingos, que compôs a banca junto com as professoras Marcela Magalhães, bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD) na Unilab, e a professora Sandra Petit, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Pedagogo formado pela Faculdade de Educação de Itapipoca, da Universidade Estadual do Ceará (Facedi/Uece), Rinardo conta que se interessou pelo mestrado devido ao caráter interdisciplinar e inovador e pela proposta de interação cultural da Unilab. Como primeiro mestre formado pela instituição, revela sentir responsabilidade. “Tenho uma sensação de muita responsabilidade dentro desse processo histórico em que a Unilab se consolida enquanto instituição acadêmica de excelência, com um papel político-social importante para a sociedade brasileira e para o mundo. Sinto alegria porque concluí uma etapa, um ciclo, algo que eu desejava desde muito tempo. E responsabilidade porque me sinto impulsionado a aprofundar cada vez mais a pesquisa e continuar na caminhada acadêmica, por meio do doutorado no qual pretendo entrar”, declarou.

Orientador da pesquisa, o professor da Unilab Luís Tomás Domingos ressalta o significado da primeira defesa para a instituição. “É uma sensação de muita alegria e responsabilidade, porque esta é uma universidade nova e uma universidade só é universidade se tiver pesquisa. É uma satisfação para mim, para o Masts e para a Unilab, como fonte de produção de conhecimento. Isso mostra como a Unilab está avançando e é uma satisfação para toda a comunidade acadêmica”, disse.

Novos horizontes para o Masts

O coordenador do Masts, professor Juan Carlos Alvarado, avalia como muito importante para a imagem do mestrado que os pesquisadores concluam a dissertação no tempo esperado pela Capes. “Este aluno está concluindo com folga. Esperamos até o fim de julho ou início de agosto mais umas dez ou doze defesas. Pode-se ver que o quadro docente está empenhado no sucesso do programa”, comentou, acrescentando ainda as publicações de professores e orientandos em revistas científicas e livros.

Juan Carlos avalia, ainda, que, com as primeiras defesas, os professores do programa adquirirão experiência, podendo publicar em revistas nacionais e internacionais e desenvolver projetos de pesquisa com financiamento externo, proporcionando mais bolsas para os estudantes. “Esperamos uma colaboração entre professores de diversas áreas. Enfim esperamos que o nosso mestrado ilumine a Unilab, o Ceará e o Maciço com pesquisas de qualidade que possam ser refletidas em benefício da sociedade”, disse.

Sobre a dissertação

O estudo apresenta as relações entre corpo e ancestralidade africana sob as bases das danças negras brasileiras contemporâneas vivenciadas no Ponto de Cultura Galpão da Cena de Itapipoca e suas implicações nos processos de pertencimento afro experimentado entre os dançarinos e dançarinas no cotidiano desse espaço-arte. O corpo é visto, então, enquanto construção cultural resultado de relações históricas e sociais, traz um legado ético-estético capaz de possibilitar processos criativos que se traduzem por meio de uma poética contemporânea em dança. Sendo assim, as ações corporais são entendidas como plenas de memórias ancestrais, de significados ritualísticos que os seres humanos carregam. A pesquisa, portanto, utilizou-se de uma abordagem teórico-metodológica do estudo de caso do tipo etnográfico, tendo em vista seu caráter de imersão específico num determinado contexto pesquisado, sua vivência e acompanhamento atento das situações do cotidiano. O estudo adotou uma variedade de procedimentos de coleta de dados: a observação, a entrevista e aproximação de análise documental, como fotografias, vídeos e publicações em livro. Por meio desse caminho escolhido e das vivências-observações no espaço, pôde-se chegar à compreensão de que as danças negras brasileiras podem ser formas de acesso aos canais de pertencimento de matrizes africanas. Pensar, portanto, num corpo que se move na experiência de uma ancestralidade negro-africana é estabelecer outras matrizes referenciais de convivência consigo, com a terra e com os seres que habitam nela. É um movimento de libertação e dos sentidos de pertencimento afro que escoam por entre as corporeidades em relação com a sociobiodiversidade da terra.