“A CRES nos lançou desafios que temos a obrigação de continuar nos próximos 10 anos”, avalia Rui Oppermann

Na última terça-feira (25), reitores das instituições públicas de ensino superior da América Latina e do Caribe se reuniram em Porto Alegre (RS) para o painel “A educação superior no pós-CRES 2018”. Anfitrião do encontro, o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rui Oppermann, falou sobre a importância da continuidade da III Conferência Regional da Educação Superior (CRES 2018), realizada em Córdoba, Argentina, em junho. O reitor realizou um resgate do processo desde os preparativos para a conferência, incluindo a Carta de Brasília, que foi a contribuição das universidades brasileiras ao evento. Em sua avaliação, a CRES 2018 resultou em um projeto de futuro para as universidades.

Qual é a importância desse painel realizado em Porto Alegre?
Esse encontro é fundamental porque a CRES, em Córdoba, foi um ponto de convergência. Mas não é o princípio e nem o fim da questão do Ensino Superior na América Latina e no Caribe. Ela nos deu uma direção, mostrou princípios e colocou desafios para os próximos 10 anos, que nós temos a obrigação de dar continuidade.

Quais são os desafios para essa continuidade?
Eu entendo que na declaração e agora no plano de ação há conteúdos importantes para que a gente possa fazer uma aliança entre as diferentes instituições latino-americanas e caribenhas, uma aproximação com os governos, porque isso é fundamental, assim como a promoção da inclusão e a expansão para aquelas áreas que até hoje não têm acesso ao ensino superior. Esses são os nossos desafios para o futuro.

Como será realizado esse plano de ação?
A primeira ação que pretendemos fazer é a carta de Porto Alegre e, no nível do Brasil, entregá-la aos presidenciáveis. Nós entendemos que um dos grandes problemas da Educação Superior é a falta de continuidade, porque os planos são modificados a cada nova eleição. Isso é uma tradição horrorosa na América Latina e, de uma certa forma, mostra, talvez, a falta de legitimidade desses governos em relação às necessidades do povo. Nós temos, sim, que comprometer a futura administração federal, não apenas com o financiamento, mas com a continuidade de um projeto de Educação Superior para o país. E reunimos todas as condições de participar, de construir, mas eu não vejo como a cada quatro anos a gente tenha de fazer tudo de novo, e cada vez pior ou melhor, sem continuidade. Então, a CRES nos dá essa indicação: é possível que, pelo menos para a próxima década, a gente construa esse projeto de Educação Superior para a América Latina e Caribe. E, o mais importante nessa questão, é que todas as universidades e todos os países irão se beneficiar. Porque, de fato, uma regionalização do ensino superior vai nos permitir a potencialização das qualidades e a diminuição das nossas limitações.

Sobre a CRES
A CRES 2018 foi realizada na Universidade Nacional de Córdoba, promovida pelo IESALC (Instituto Internacional para a Educação Superior na América Latina e no Caribe), de 11 a 15 de junho de 2018. O evento produziu uma Declaração Final em que são reafirmados os princípios da Educação Superior como um bem público social, um direito humano e universal, e um dever dos Estados (disponível aqui), além de reunir os principais avanços nas discussões realizadas em sete eixos temáticos. Os debates foram impulsionados pela comemoração dos 100 anos da Reforma de Córdoba – mobilização estudantil que defendia, entre outras pautas, a democratização do espaço universitário (Confira especial produzido pelo Jornal da Universidade).

Assista às palestras do Painel “A educação superior no pós-CRES 2018”:

Conferência de Abertura – Professor Francisco Tamarit 

O Significado do manifesto da CRES 2018 para a Educação Superior na América Latina e no Caribe” – Debora Ramos (Unesco – Iesalc), Reitor Gustavo Vieira (Unila) e Reitor Paulo Afonso Burmann (UFSM)

O Significado do manifesto da CRES 2018 para a Educação Superior no Brasil – Reitores Ângela Paiva (UFRN), Carla Jardim (IFFar), Cleza Sobral Dias (FURG), Dácio Matheus (UFABC), Jaime Giolo (UFFS), Haroldo Reimer (UEG) e Reinaldo Centoducatte (UFES)

O que fazer com o manifesto da CRES 2018 nos próximos 10 anos – Reitor Emmanuel Tourinho (UFPA), Professor Alvaro Maglia (AUGM), Mateus Fiorentini (Oclae) e Reitor Rui Oppermann (UFRGS)