Eleições 2010 – Sem explicar como, candidatas falam em investir em educação

Dilma e Marina defendem que gastos na área subam a 7% do PIB, mas não detalham de onde viriam recursos

Candidata do PV repetiu fórmula de contabilizar recursos economizados com um esforço de combate à corrupção

Dilma Rousseff, candidata pelo PT à Presidência da República, e Marina Silva, que disputa o cargo pelo PV, defenderam ontem o aumento no índice de investimento público na educação, passando de 5,1% (índice atingido em 2007, o mais recente) para 7% do PIB (Produto Interno Bruto). Ambas, porém, não detalharam como atingirão este patamar.

Dilma citou o índice em entrevista a uma rádio de Juiz de Fora (MG), que irá ao ar na próxima segunda-feira. A petista antecipou a declaração em sua página no Twitter. “Em entrevista hoje de manhã disse que sou a favor da destinação de 7% do PIB para educação no ano que vem”, escreveu.

Procurada, a assessoria de imprensa de Dilma afirmou que não se tratava de uma “promessa, mas de uma vontade, uma defesa”, do aumento do índice. Marina Silva defendeu o mesmo patamar de investimento em visita à fábrica da Embraer, anteontem, em São José dos Campos (SP).

Ao contrário de Dilma, que defendeu o aumento para o próximo ano, Marina falou em 7% como meta a ser atingida até o fim do próximo governo, em 2014. Ontem, no Rio, a candidata do PV sugeriu investimento maior, de 8%. Explicou da seguinte forma de onde retiraria estes recursos: “A gente gasta 3% do PIB só com a corrupção. Isso já elevaria o gasto com educação para 8%, porque hoje a gente está investindo 5%”, disse.

O investimento “atual” citado pelas duas candidatas na verdade corresponde ao índice apurado em 2007, de 5,1%, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Nessa conta são tratados como investimento o pagamento de aposentadorias, bolsas de estudos, despesas com juros e encargos da dívida educacional.

Quando se fala do investimento direto em educação, que exclui aposentadorias e as demais modalidades citadas, o índice cai de 5,1% para 4,5%. Em 2008, na modalidade mais enxuta de cálculo, foram investidos 4,7% do PIB, ou algo em torno de R$ 140 bilhões.