Enem cobra uso da língua no dia a dia

Na inscrição, aluno pode escolher entre questões de inglês ou espanhol

 

Pela primeira vez, a prova do Enem contará com questões de língua estrangeira -inglês ou espanhol, dependendo da opção feita pelo estudante na hora da inscrição, prorrogada até sexta. Como no restante da prova, o objetivo é que o candidato seja capaz de aplicar seus conhecimentos às situações do cotidiano. Perceber, por exemplo, a função ou o uso social de palavrinhas em inglês (como “new”, “kids”, “fashion”) que aparecem em anúncios publicitários é uma das habilidades que podem ser cobradas no exame. Desse modo, alunos que não dominam nenhuma das línguas estrangeiras, principalmente os oriundos de escolas públicas, não seriam tão prejudicados. “Tenho só o básico, espero que não cobrem conteúdos muito profundos”, diz Acsa Veloso dos Santos, 20, que quer usar o Enem para entrar em engenharia na UFABC, por meio do Sisu -sistema que oferece vagas com base na nota do Enem. Ela optou pelo espanhol, mas não acha que a prova será mais fácil que a de inglês. Felipe Marinho, 19, também prevê encontrar dificuldades na prova.

 

“Até pensei em fazer espanhol, porque é melhor pela compreensão de texto, mas acho que vão pegar na gramática. Preferi então o inglês, apesar de não dominar bem.” Ele quer tentar uma vaga para filosofia pelo Sisu. Mateus Prado, presidente do Instituto Henfil e responsável pelo “Guia Prático Novo Enem”, diz acreditar que o MEC (Ministério da Educação) vai manter a proposta de não fazer “pegadinhas”, mas, sim, de valorizar o raciocínio lógico. “A prova deve avaliar se o estudante tem capacidade de continuar aprendendo. Eu apostaria principalmente na interpretação de texto.” Independentemente do conteúdo, Camilla Rimmer, 17, que estuda inglês na Cultura Inglesa, está mais confiante. “Acho que será uma prova fácil.” Ela vai usar o Enem para tentar uma vaga na UFSCar. A inclusão de línguas estrangeiras já estava prevista no novo Enem, modificado no ano passado. No entanto, ficou definido que essa cobrança só começaria neste ano para dar mais tempo para as escolas se adaptarem.

 

Andressa Taffarel colaboração para a Folha

Folha de São Paulo.