Estudantes de ensino noturno tem desempenho inferior, mostra levantamento

Estudo do Instituto Ayrton Senna mostra disparidades na educação nos diferentes turnos

RIO — Um terço dos matriculados no ensino médio das escolas estaduais brasileiras está no ensino noturno. Eles são 2,3 milhões de um universo de 7,2 milhões alunos e sofrem com enormes disparidades na educação recebida quando comparados a estudantes de turnos diurnos regulares. Um estudo feito pelo Instituto Ayrton Senna mostra que esses alunos apresentam desempenho mais baixo, têm cargas horárias menores e maior taxa de abandono escolar.

Os sintomas aparecem já no rendimento dos estudantes. Com base em dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2011, o estudo mostra que, em português, enquanto a média dos alunos do turno diurno é 266, no noturno é 241. Em matemática, esses números são 270 e 246, respectivamente. A diferença nas taxas de abandono da escola também chama atenção. Enquanto esse índice fica em 5,5% no período diurno, o noturno tem 16,4%.

O mapeamento também identificou que esses alunos são mais velhos e já iniciam o ensino médio atrasados. Enquanto a idade média de um aluno matriculado no 1º ano do ensino médio no turnos da manhã e da tarde é 16,2 anos, no noturno é 18,8. E, se 23% daqueles que estudam durante o dia estão com pelo menos dois anos de atraso no curso, à noite isso ocorre com mais da metade: 53%.

Uma hora a menos na escola

Nem mesmo a carga horária de aulas é equilibrada. São 308 minutos por dia, contra 232 minutos por noite — os alunos do turno da manhã ficam uma hora e 16 minutos a mais por dia na escola. E essa diferença não é compensada por dias letivos, já que 95% das turmas nos dois turnos têm o mesmo número de aulas semanais.

Segundo o diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos, estes alunos estão esquecidos, em meio a um mar de discursos e promessas que se concentram nos turnos regulares. Como ele exemplifica, muito se tem falado sobre ampliação do ensino integral nos últimos anos. Mas isso não altera em nada rotina do público noturno, visto que, em geral, esses alunos não têm a mudança de horário como opção.

— O ensino integral é muito expressivo para o jovem que não está no mercado de trabalho. Mas quem estuda à noite opta por esse período por ser o seu único tempo livre — diz.

O próprio estudo da fundação traz números que reforçam essa afirmação. Segundo os dados socioeconômicos coletados no Saeb, 26% dos alunos do período diurno declararam trabalhar fora de casa. No noturno, esse percentual salta para 68%.

Por isso, Mozart defende a criação de um escola que esteja devidamente afinada com a realidade desse aluno.

— Eles precisam de modelos híbridos de ensino, com aulas presenciais e remotas, as quais otimizem o aproveitamento do tempo dessas pessoas, que têm disponibilidade reduzida A escola também poderia dialogar mais com o universo desse aluno pela inclusão de disciplinas técnicas — sugere. — Se medidas como essas fossem tomadas, essa escola faria mais sentido para seus alunos. O ensino médio noturno atual está falido do ponto de vista da necessidade dos jovens — acredita.

Rotina de trabalho e estudos

O estudante Erick Souza Gonçalves, de 19 anos, acabou de passar para o 3º ano, no Colégio Estadual Gilson Amado, na Barra da Tijuca. Ele estuda à noite desde o segundo semestre do 1º ano, quando resolveu trabalhar para ter independência financeira e ajudar nas contas de casa, onde mora com a mãe e a irmã de 11 anos. Chegar à última série do ensino básico não foi fácil.

— Driblar o cansaço depois de um dia de trabalho é realmente difícil. Tanto que repeti o 1º e o 2º anos. Percebo que muita gente não dá conta. É como um funil. Ao longo do ano, as turmas vão diminuindo — conta.

Compreender a rotina de alunos como Erik é imprescindível para uma gestão adequada do ensino noturno, afirma psicopedagoga e escritora Marta Relvas. Segundo ela, os professores têm que buscar formas de driblar o cansaço físico e mental com o qual os alunos invariavelmente chegam à sala de aula.

— Não adianta simplesmente fazer uma transmissão de conteúdo para esse aluno como se ele fosse capaz de captá-lo por uma “antena”. Para que fique na memória, o ensino tem que ser prático, com os alunos colocando a mão na massa. Seminários e projetos podem ser um caminho — sugere. — Além disso, precisamos lembrar que eles não têm tempo para estudar e isso também tem que ser trabalhado em sala de aula, com roteiros de aprendizagem, revisões e exercícios.

Na hora de encarar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), quem cursa o ensino noturno também fica em desvantagem. A partir de dados do exame de 2009, a fundação apurou que, dos 561.831 concluintes do ensino médio regular inscritos na prova, 28,4% eram do período noturno. Considerando todos eles, aqueles que vinham de cursos diurnos tiveram nota 26.5 pontos mais alta que os estudantes noturnos.

Levando em conta que o Enem é a maior porta de entrada para o ensino superior, além de servir de acesso ao ensino técnico no país, o fato revela como as baixas na educação noturna diminuem as chances de profissionalização de uma significativa parcela dos jovens brasileiros. Por isso, o membro da Academia Brasileira de Educação e pró-reitor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Antônio Freitas, teme que esse quadro influencie negativamente na economia e na empregabilidade do país.

— A educação é a principal força motora para o desenvolvimento nacional e para a geração de empregabilidade — pontua.

Para mudar essa realidade, Freitas defende um ensino mais aplicado e estimulante, que pode ser oferecido sem grandes investimentos. Parcerias com universidades seria uma sugestão.

— Nos Estados Unidos, por exemplo, criou-se um programa no qual alunos das melhores universidades passaram a atuar nas escolas, para torná-las mais vivas e modernas. Isso poderia perfeitamente ser adotado no Brasil. Um aluno de engenharia da UFRJ certamente tem muito a oferecer a uma escola — sugere.

O Globo

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