Marta comemora a pesquisa, e Lula pede ajuda para Haddad

Ex-presidente quer que ministro reforce a campanha no PT e junto a movimentos sociais, como sindicatos

Senadora diz que ‘sempre’ esteve à frente de adversário; tucanos minimizam o baixo índice de Serra

DO ENVIADO A BRASÍLIA
DE SÃO PAULO
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu dar mais um empurrão para viabilizar o ministro da Educação, Fernando Haddad, como candidato do partido à Prefeitura de São Paulo nas eleições do ano que vem.
Haddad aparece com apenas 2% das intenções de voto na primeira pesquisa do Datafolha sobre a disputa, divulgada ontem, mas Lula acha que ele terá mais chances em 2012 do que a senadora Marta Suplicy, apontada como favorita pelo instituto.
Marta obteve índices de 29% a 31% nos vários cenários examinados pelo levantamento, mas sua taxa de rejeição é muito alta também. De cada 10 eleitores, 3 dizem que jamais votarão nela, de acordo com o Datafolha.
Lula sugeriu a Haddad que, além de buscar apoio no PT, procure os movimentos sociais. Sob orientação de petistas escalados pelo ex-presidente, o ministro se dedicou a uma maratona de reuniões no fim de semana, durante o 4º Congresso do PT , realizado em Brasília.
A agenda de Haddad incluiu um almoço com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e reuniões com prefeitos, vereadores, sindicalistas e representantes de igrejas evangélicas.
Marta comemorou ontem os resultados da pesquisa e foi irônica ao se referir ao desempenho do rival.
“Nunca saí [da liderança]”, afirmou a senadora, durante seminário sobre regiões metropolitanas organizado por ela na Universidade Mackenzie. “Sempre tive 30%, e ele sempre teve 2%.”
A senadora reafirmou sua disposição de disputar as prévias do partido com Haddad e minimizou o peso que Lula terá na escolha do candidato do PT à prefeitura.
“É uma característica do Lula sempre analisar o cenário e dizer o que acha melhor. Às vezes deu certo e às vezes não deu”, disse a petista, segundo quem Lula nunca lhe pediu diretamente para desistir da postulação.
Os apoiadores de Haddad minimizaram a pesquisa Datafolha. “Sempre soubemos que a Marta sai bem nas pesquisas e tem alto índice de rejeição”, disse o prefeito de Osasco, Emidio de Souza.

TUCANOS
No Palácio dos Bandeirantes, a avaliação foi a de que o ex-governador José Serra (PSDB) apareceu mal colocado na pesquisa (com 18% ou 19%, conforme o cenário) porque tem dito sempre que não será candidato em 2012.
Os baixos índices obtidos pelos outros três pré-candidatos tucanos testados pelo Datafolha, o senador Aloysio Nunes Ferreira e os secretários José Aníbal e Bruno Covas, foram atribuídos à distância do processo eleitoral.
A ala do partido ligada a Serra deve usar os números do Datafolha para reforçar a pressão pela candidatura do senador Aloysio Nunes Ferreira, que obteve 10% na pesquisa. (CATIA SEABRA, BERNARDO MELLO FRANCO E VERA MAGALHÃES)

FORA DO PÁREO

MERCADANTE OFICIALIZA DESISTÊNCIA
A pedido de Lula e Dilma, o ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) afirmou que não será candidato a prefeito de São Paulo em 2012. “A avaliação do presidente Lula é de que não deveria disputar para não ficar menos de um ano no ministério”, disse. “Dilma me pediu para continuar no governo”, reiterou.