MEC admite ampliar anulação de questões do Enem para cursinho

Medida valerá se PF provar que mais alunos tiveram acesso às questões

DE BRASÍLIA
O MEC (Ministério da Educação) informou ontem que pode ampliar a quantidade de estudantes com questões anuladas no último Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) caso um inquérito da Polícia Federal aponte que vazamento já constatado no Ceará tenha sido mais amplo do que o apurado até agora.

A previsão é que o inquérito da polícia seja concluído já nos próximos dias.

PRÉ-TESTE
Por enquanto, foram anuladas 14 questões para 639 alunos do Colégio Christus, de Fortaleza (CE). Esses estudantes tiveram contato com essas questões semanas antes do exame nacional, durante um simulado.

Segundo a Polícia Federal, um professor da instituição copiou dois cadernos de prova quando o ministério aplicou um pré-teste para alunos do colégio há um ano.

O pré-teste é a aplicação, em caráter experimental, de uma prova a estudantes de determinados colégios para avaliar se questões elaboradas para o Enem podem compor o banco de reserva do exame.

MAIS BENEFICIADOS
O Ministério Público Federal do Ceará afirma que o vazamento de questões não beneficiou apenas os 639 alunos do último ano do ensino médio do Colégio Christus.

Segundo o órgão, o MEC tinha a informação de que as questões suspeitas foram transmitidas também para alunos do cursinho pré-vestibular e para um outro colégio da mesma rede.

Só do pré-vestibular do Christus, outros 300 alunos podem ter sido beneficiados, diz o Ministério Público.

O procurador Oscar Costa Filho, que investiga o vazamento na esfera cível, afirmou à Folha que o Inep -órgão ligado ao MEC responsável pelo Enem- encaminhou à Polícia Federal um ofício no dia 10 de novembro questionando se outros alunos da mesma rede do colégio de Fortaleza tiveram acesso às questões que vazaram.

De acordo com o Ministério Público, a resposta à pergunta foi afirmativa.

INDÍCIOS
Anteriormente, o MEC havia dito que as informações da Polícia Federal mostravam haver indícios de que outros estudantes tiveram acesso às questões, mas que não havia ainda provas.