Na Unila, estudantes tentam se entender em “portunhol”

Morador de Salta, cidade no noroeste da Argentina -e ao lado da Cordilheira dos Andes-, Hector Javier Salas, 18, pensava em fazer um curso técnico para conseguir emprego, já que não há universidade pública na região. No entanto, por sugestão de uma professora do instituto onde estudava, este ano ele atravessou o país e foi morar em Foz do Iguaçu (PR). O que atraiu o rapaz para o Brasil foi a possibilidade de fazer um ensino superior gratuito, sem precisar pagar por moradia e alimentação. Foi assim, após análise curricular, que Hector se tornou aluno de engenharia de energias renováveis da Unila, que reserva 150 vagas para alunos vindos de outros países da América Latina. “Gosto muito de tudo, mas é bem difícil a saudade de casa. A gente vai se acostumando, estamos todos na mesma situação”, diz o argentino. Os alunos estrangeiros e os brasileiros que não são de Foz moram num hotel alugado pela Unila que foi transformado em alojamento.

Mas não é só a saudade de casa que dificulta a vida de quem deixou seu país para estudar no Brasil. Como praticamente todas as aulas são ministradas em português -e o domínio da língua não é exigido na seleção-, muitos estudantes  que só falam espanhol, incluindo Hector, precisam pedir “socorro” a outros colegas. “Às vezes, até a comunicação na turma é difícil, principalmente quando os colegas falam “portunhol'”, conta a estudante de biologia Patricia Sandes Weisbach, 27, uma uruguaia que fala português perfeitamente. Foi ela, aliás, quem ajudou a reportagem do Fovest na entrevista com Hector. “Ele não estava entendendo mais nada. Vou ser a tradutora”, contava ela, enquanto ria. “É assim aqui também. Mas o bom é que aprendemos muita coisa, uma nova língua.”