Premiado pela descoberta de importante instrumento no estudo de doenças como câncer, o norte-americano Martin Chalfie dedica-se à pesquisa sobre o desenvolvimento e função de células nervosas

O cientista Martin Chalfie, ganhador do prêmio Nobel de Química em 2008, foi laureado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília, na manhã desta quinta-feira (25), no auditório do Instituto de Química, no campus Darcy Ribeiro. Chalfie é reconhecido no meio acadêmico pela descoberta e desenvolvimento da proteína verde fluorescente (GFP) como marcador biológico, uma ferramenta importante no estudo de doenças como câncer e Alzheimer.

Em seu breve discurso, o Nobel de Química agradeceu a homenagem que recebeu da instituição e se mostrou entusiasmado com o acolhimento do povo brasileiro. “Estou muito feliz pela trajetória que desenvolvi e que me trouxe até aqui”, disse o pesquisador norte-americano. Martin Chalfie foi aplaudido de pé pelos estudantes e professores que encheram o auditório para acompanhar a solenidade.

“Sua presença hoje na nossa universidade nos lembra faces e dimensões da vida universitária que nos fazem ter muito orgulho de fazer parte da comunidade científica”, declarou o reitor da UnB, Ivan Camargo, durante a cerimônia.

Camargo resumiu as dimensões e faces da vida acadêmica em três pensamentos a partir da observação da biografia do cientista estadunidense.

“Nossas realizações pessoais podem ser benéficas para a sociedade inteira. Nossa atuação como professor pode ser inspiradora para muitas pessoas, sejam elas membros ou não do sistema universitário. Descoberta científica e o avanço da ciência é um processo coletivo”, pontuou.

“O título de Doutor Honoris Causa representa o nosso profundo agradecimento e reconhecimento de que seu trabalho é uma grande contribuição para a ciência e para a sociedade”, afirmou o orador da cerimônia e decano de Pesquisa e Pós-graduação, Jaime Santana.

BIOGRAFIA – Martin Chalfie completou seu bacharelado e PhD na Universidade de Harvard e realizou sua pesquisa de pós-doutorado no Laboratório de Biologia Molecular em Cambridge, Reino Unido. Atualmente é professor da Universidade de Columbia, Estados Unidos.

O ápice de sua carreira acadêmica se deu em 2008, quando Martin Chalfie, em conjunto com os pesquisadores Roger Tsien e Osamu Shimomura, foi laureado com o Prêmio Nobel de Química, pela descoberta e desenvolvimento da GFP como marcador biológico.

O cientista investiga o desenvolvimento e função de células nervosas, concentrando sua pesquisa em genes usados em neurônios mecanosensoriais. Seu objetivo é responder duas questões biológicas: como diferentes tipos de células nervosas obtêm e mantêm características únicas? E como células sensoriais respondem a estímulos mecânicos?

INDICAÇÃO – O título de doutor honoris causa da UnB é concedido pela instituição a personalidades que se distinguem pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos. A iniciativa deve partir de departamentos ou conselhos departamentais. Em seguida, a proposta segue para a Reitoria e, depois, para apreciação do Conselho Universitário (Consuni).

APRESENTAÇÃO MUSICAL – Os diretores da Casa da Cultura da América Latina (CAL) e do Instituto de Artes (IDA) levaram acordes genuinamente brasileiros à solenidade realizada quase que totalmente em língua inglesa. No palco, Ebnézer Nogueira e Ricardo Freire, acompanhados dos jovens Matheus Donato e Lucas Donato interpretaram dois clássicos do choro.

‘André de sapato novo’, de Pixinguinha e Benedito Lacerda e ‘Naquela mesa’, de Nelson Gonçalves, foram apresentadas com maestria. “São músicas emblemáticas deste gênero brasileiro”, destacou o dirigente da CAL. Laureado doutor honoris causa, Martin Chalfie elogiou a apresentação. “A música poderia ter continuado”, afirmou durante seu discurso.

A iniciativa de convidar o laureado para visitar o país tem o apoio do Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação da UnB, e faz parte de uma parceria entre a AstraZeneca – empresa biofarmacêutica global, que tem como prioridades estratégicas a inovação e liderança científica –, e o Nobel Media, responsável pelas transmissões de eventos e produções de mídia digital para difundir conhecimento e interesse nos Prêmios Nobel.

Ádlia Tavares – Da Secretaria de Comunicação da UnB