UFABC – Estudo apresenta potencial em tratamento do SARS-CoV-2 e outros coronavírus

Tendo em vista o histórico de infecções de Corona vírus em humanos e a atual pandemia de SARS-CoV-2, é de grande importância o desenvolvimento de medicamentos que combatam não apenas o SARS-CoV-2, mas que possam inibir as infecções causadas por diversos membros da família Coronaviridae, de uma forma ampla.

Em um cenário ideal, busca-se o desenho de novas drogas que possam atuar não apenas no controle da pandemia atual, mas também de pandemias que acontecerão no futuro.

O projeto tem como proposta a integração de técnicas computacionais de análises evolutivas, buscando proteínas cruciais que atuam nos mecanismos de patogenicidade do Corona vírus em geral (incluindo SARS-CoV-2). Para tanto, faz uso de técnicas de desenho de fármacos, com vistas a aperfeiçoar a geração de novas drogas.

De forma concisa, pode-se dizer que estão sendo utilizadas técnicas que indicam quais proteínas estão presentes em grande parte dos membros da família Coronaviridae e que apresentam um alto grau de conservação entre os membros indicando papel relevante nos mecanismos gerais de patogenicidade destes vírus e técnicas do estado-da-arte no desenvolvimento de fármacos, de forma a se obter moléculas que atuem contra a infecção de Corona vírus em geral e que tenham baixa toxicidade em seres humanos.

Este projeto é composto de uma equipe científica, interdisciplinar, que une as habilidades de Químicos orgânicos, Químicos computacionais e Bioinformatas que, em tempo real, usam dados publicados em outros trabalhos para promover mutações no foco do projeto, mirando a multiplicação de potenciais novos alvos e a eliminação de outros que se mostraram inativos, acelerando assim o entendimento do sistema em estudo.

Para saber mais

No final do ano de 2019, na província de Yunnan, na China, teve início uma pandemia de COVID-19 (Coronavirus disease 2019) causada pelo SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2). O impacto desse evento é de notório conhecimento. Dados de 18 maio de 2020 apontam 4.710.614 de casos confirmados e 315.023 mortes, sendo mais 16.000 no Brasil. Cerca de três meses depois, o Brasil atingiu a marca de 100.000 mortos. Um número grande, mas subnotificado, devido ao à pequena quantidade de testes realizados até o momento. Contextualizadas e colocadas as devidas proporções, esta pandemia não é a pior e nem a primeira a assustar a humanidade.

O nome “corona” é uma referência à morfologia da membrana desse vírus salpicada espigões proteicos (proteínas Spike), assemelhando-se à coroa solar. No vírus, essa característica foi observada por microscopia eletrônica pela primeira vez nos anos 60. A partir dessa classificação, foram identificados inúmeros membros da família Coronaviridae, responsáveis por problemas respiratórios e gastrointestinais em galinhas, gatos, morcegos, camelos, baleias e humanos, dentre outros. A crescente sobreposição nos ambientes nos quais vivem os hospedeiros dos coronavírus, especificamente de ambientes nos quais há co-ocorrência de seres humanos e animais silvestres, gera inúmeras oportunidades para saltos interespecíficos de diferentes linhagens de Coronavírus.

As epidemias/pandemias são transmissões em massa e se dão quando um novo hospedeiro, no caso o ser humano, é atacado por um vírus desconhecido pelo seu sistema imunológico.