UFAM – Em parceria, Acnur e Instituto Mana definem ações de proteção e saúde a indígenas refugiados venezuelanos

Por Sebastião de Oliveira
Equipe Ascom Ufam

Em reunião realizada na tarde de terça-feira, 18, entre representantes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e do Instituto Mana (IM), ficaram  definidas ações de proteção e saúde aos indígenas venezuelanos refugiados da etnia Warao. O evento ocorreu na sala do Departamento de Políticas Afirmativas da Pró-Reitoria da Extensão (DPA/Proext), localizado no setor Norte do campus universitário.

A reunião entre as instituições foi o primeiro, de uma série de encontros, que definirão ações efetivas de apoio, proteção e promoção à saúde junto a migração indígena Venezuela. Na ocasião, a representante da Ufam e diretora de DPA , professora  Claudia Guerra Monteiro, disse que as ações de parceria terão toda a expertise produzido na Ufam para atender os índios venezuelanos da etnia Warao. A diretora explica que “alguns problemas colocados pelos refugiados são também enfrentados pela população local, uma vez que eles se relacionam a questões estruturais mais amplas da realidade socioeconômica”.

De acordo com a docente, as dificuldades com que se deparam os refugiados são agravadas por se tratar de uma população estrangeira, o que gera mais empecilhos para garantir o acesso e a concretização de direitos. Ela acrescentou ainda que todo o trabalho desenvolvido pela Ufam terá o apoio do Projeto Pé de Vento (Proext), do Internato Rural (Faculdade de Medicina), da Faculdade de Educação (Faced) e da Escola de Enfermagem de Manaus (EEM).

Com essa perspectiva, a professora aponta para a necessidade de se aprimorar o apoio prestado pela Universidade, no sentido de atuar em prol do grupo, buscando conferir maior efetividade à integração local.

Cibele Machado de Holanda, sanitarista, gestora de Causas Indígenas e representante do Instituto Mana, participou das discussões. Ela disse que o foco do Instituto é o empoderamento feminino e as causas de violência de gênero, mas, em razão da complexidade social existente quanto à migração Venezuela, especificamente dos indígenas da etnia Warao (pertencentes aquele país setentrional sulamericano), os esforços têm sido direcionados às ações de apoio, de proteção e de atividades lúdicas e promoção à saúde.

Nesse momento inicial, a sanitarista acredita que, com as ações, os indígenas venezuelanos podem direcionar seus destinos, traçando suas próprias autorias, sem que os mesmos dependam exclusivamente de instituições governamentais. “A intenção principal da parceria é dar o suporte necessário de assistência social e de saúde para que, no futuro, eles estejam independentes, se envolvendo para uma interação em alguns temas, a partir dos quais acreditamos que, com a maestria do DPA da Ufam, será possível compreender melhor o contexto cultural”, completou.

Ainda conforme Cibele Holanda, as ações abrangem somente os indígenas migrantes no Brasil e que estejam acampados nos dois abrigos disponibilizados pela Prefeitura Municipal de Manaus (PMM), o primeiro localizado no Centro e o segundo no bairro Alfredo Nascimento.  “A aplicação das ações será realizada de acordo com cada categoria social existente, tais como homens, mulheres, crianças, grávidas e outras.

O professor da disciplina Saúde Coletiva da  Faculdade de Medicina e coordenador do Internato Rural, Antônio de Pádua Quirino Ramalho, disse que as circunstâncias de migração dos indígenas venezuelanos são o maior fenômeno migratório no mundo, e que as condições de saúde deles têm suas particularidades. Eles estão num País onde desconhecem o Sistema de Saúde e, além disso, trazem alguns problemas relacionados.

“É uma oportunidade de aprendizagem pelos nossos estudantes, porque precisam lidar com essa diversidade de questões que passam pela questão da saúde. As pessoas estão circulando bastante, diferente de outras ocasiões, quando se tinha o mesmo perfil de população para prestar o atendimento. Hoje, como há circulação de pessoas, os futuros profissionais precisam aprender a lidar com a diferença, inclusive quanto à linguagem dos migrantes”, frisou o docente.

Sobre os Warao

São índios oriundos da região norte da Venezuela, que habitam há séculos o delta do rio Orinoco, no estado Delta Amacuro e as regiões adjacentes dos estados Bolívar e Sucre, naquele País. Warao, na língua nativa, significa “povo da canoa”, pois a relação deste grupo com a água é íntima: são, tradicionalmente, pescadores e coletores, há cerca de 70 anos convertidos em horticultores, e vivem em comunidades de palafitas localizadas nas zonas ribeirinhas fluviais e marítimas, além de pântanos e bosques inundáveis da região de origem.

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