Em nota, a Reitoria da Universidade Federal do Ceará (IFC) se posicionou contra os episódios de tensão e provocação recém acontecidos nas dependências da instituição. O documento se refere aos casos de defesa e crítica ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) que movimentaram a comunidade acadêmica nos últimos dias, com defesas acaloradas de ambos os lados.

“O conflito entre alunos do Curso de Letras e apoiadores de um estudante seguidor de um deputado federal denotou grave deterioração do clima que caracteriza a Universidade, um espaço plural e democrático, que respeita a diversidade de ideias e opiniões”, disse a nota.

O documento reforça ainda o papel das universidades diante deste cenário crítico pelo qual o país atravessa. “Permaneceremos vigilantes e prontos para defender as conquistas dos últimos anos, quando ela se fortaleceu, ampliou-se e democratizou-se extraordinariamente. As Universidades Federais brasileiras têm um patrimônio imensurável a preservar – o que inclui sua massa crítica, o conhecimento acumulado, e o respeito da sociedade – e não se dobrará a qualquer tentativa de lhe impor retrocessos”.

Leia a seguir a íntegra da nota:

Pela convivência pacífica; contra ingerências e provocações

O ambiente de tensão no cenário político brasileiro, onde se reproduzem episódios de intolerância e agressões, lamentavelmente ecoou no último dia 9, no Campus do Benfica da Universidade Federal do Ceará. O conflito entre alunos do Curso de Letras e apoiadores de um estudante seguidor de um deputado federal denotou grave deterioração do clima que caracteriza a Universidade, um espaço plural e democrático, que respeita a diversidade de ideias e opiniões e que incentiva a convivência respeitosa entre todos os integrantes de sua comunidade: alunos, professores e servidores técnico-administrativos.

Diante disso, a Reitoria apela para a reinstauração do bom senso e da convivência pacífica entre os que adotam ideologias e comportamentos diferentes. Esperamos que se preserve o respeito mútuo, mesmo quando uma das partes manifesta condenável acolhida a ideias e personagens sabidamente aversos aos nossos valores democráticos e a conquistas institucionais, como o repúdio à prática da tortura.

Temos o dever de apurar, em detalhes, o episódio do dia 9 e adotar as medidas necessárias para evitar que fatos semelhantes voltem a acontecer na Universidade. Queremos deixar claro que a Reitoria condena, igualmente, quaisquer provocações e que não aceitará possíveis interferências por parte de agentes externos. Todas as prerrogativas relacionadas à Autonomia Universitária serão acionadas em apoio a essa postura.

Entenda-se, por fim, que não seremos coniventes com a partidarização da Instituição. A Universidade tem objetivos amplos e muito claros, mas nenhum deles contempla a subserviência a ideologias ou a partidos políticos, seja qual for sua tendência.

No atual panorama brasileiro, que é de incertezas e justificadas preocupações, nosso compromisso é com a salvaguarda da Universidade pública e de qualidade. Permaneceremos vigilantes e prontos para defender as conquistas dos últimos anos, quando ela se fortaleceu, ampliou-se e democratizou-se extraordinariamente.
As Universidades Federais brasileiras têm um patrimônio imensurável a preservar – o que inclui sua massa crítica, o conhecimento acumulado, e o respeito da sociedade – e não se dobrará a qualquer tentativa de lhe impor retrocessos.

Henry de Holanda Campos – Reitor
Custódio Almeida – Vice-Reitor