UFFS abre seus laboratórios a adolescentes vulneráveis

Durante o período de um ano, os adolescentes desenvolveram experimentos nos laboratórios da Universidade, principalmente voltados às questões ambientais e de energias renováveis.

Cerca de dez adolescentes que estão cumprindo medidas socioeducativas foram atendidos pelo Projeto de Extensão da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Realeza, que buscou ofertar oficinas pedagógicas na área da Química. Durante o período de um ano, os adolescentes desenvolveram experimentos nos laboratórios da Universidade, principalmente voltados às questões ambientais e de energias renováveis. Os participantes são atendidos pela Secretaria de Assistência Social do município de Santa Izabel do Oeste, por meio da Proteção Social Especial, que presta serviços de ressocialização aos adolescentes.

Nas oficinas, alunos e professores participavam de rodas de conversas para discussão dos conteúdos, assim eram trabalhadas temáticas como a importância dos combustíveis renováveis, características, diferenças e aspectos práticos. A partir de materiais recicláveis, o grupo construiu uma maquete sobre energia eólica, um pequeno gerador de hidrogênio, além de conhecerem experimentos para a produção de biodiesel, biodigestores, plástico biodegradável, entre outros.

O coordenador do projeto, professor Letiére Cabreira Soares, explica que o trabalho com os adolescentes foi significativo, pois as atividades buscaram ressignificar teorias e paradigmas, proporcionando novos conhecimentos. “As atividades foram planejadas com base em pesquisas científicas desenvolvidas na área de energias renováveis. Buscamos realizar a transposição didática destas tecnologias, para tornar o conteúdo mais acessível para os estudantes. Com base na participação do público-alvo, percebemos uma evolução gradual dos adolescentes no decorrer das atividades, passando de expectadores para participantes ativos. De fato, esse era o resultado esperado no início do projeto, nosso objetivo era despertar o interesse científico destes estudantes – muitos em situação de evasão escolar – e demostrar como estas tecnologias estão inseridas na sociedade”, detalhou.

A assistente social da Proteção Social Especial, Jeniffer Aparecida Deias, também acompanhou as atividades junto ao grupo. Os participantes das oficinas tinham entre 13 a 17 anos e contaram como foi a experiência. “Eles relataram que gostaram muito das aulas do projeto e que sempre aprendiam algo novo”, comentou a assistente social enfatizando a necessidade de proporcionar a ressocialização dos adolescentes, por meio de diferentes atividades.

O trabalho com os adolescentes também contou a participação da acadêmica do curso de Química, Rosemara Schirmann, que ministrou boa parte das oficinas pedagógicas. Ela fala sobre a troca de experiências com os alunos e o crescimento na formação docente. “Já atuei como professora no ensino fundamental, mas no projeto isso foi diferente, já que o público é mais especial. Foi uma experiência maravilhosa e diferente de tudo o que já vivi no meu processo acadêmico. Muito alunos tiveram um certo medo no início, mas acabou havendo um grande engajamento, conforme o andamento das atividades”, comentou.

O projeto de extensão integra o “Programa Formação de professores no espaço-tempo da escola, da universidade e da comunidade”, que encontra-se em fase final de execução. No entanto, baseado nas experiências vivenciadas neste último ano, o grupo de professores proponente do programa pretende renová-lo, o que possibilita uma nova execução do projeto. “Acreditamos que temos a possibilidade de atender um público maior no projeto, sendo possível ampliar para o município de Realeza, por exemplo”, explicou Soares.