UFGD – HU implementa Núcleo de Saúde Indígena

Ações visam qualificar a assistência, em atendimento às diretrizes do Ministério da Saúde, respeitando cultura e costumes tradicionais das etnias

Com o objetivo de qualificar a assistência à saúde da população indígena local, o Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD) implementou, em maio deste ano, o Núcleo de Saúde Indígena (NSI), estrutura que visa reunir e aprimorar as ações já existentes e criar novas ferramentas para que o atendimento aos pacientes se dê, cada vez mais, de forma acolhedora e humanizada.

E como uma das primeiras atividades em prol da implantação do Núcleo, integrantes estiveram, na última semana, no Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB), em visita técnica com intuito de conhecer o Ambulatório de Saúde Indígena daquela unidade, em funcionamento desde 2013.

“O serviço lá é bem estruturado, então fomos conhecer não apenas a infraestrutura física como também os fluxos. É importante e bastante produtivo esse intercâmbio entre as unidades da Rede Ebserh”, pontua o enfermeiro Glênio de Freitas Alves, coordenador do NSI, lembrando que o HUB-UnB, assim como o HU-UFGD, integra a Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
O intercâmbio de experiências terá continuidade com outra visita técnica, prevista para o final de julho. Dessa vez, representantes do HUB virão a Dourados para conhecer, não somente o trabalho que já é realizado na assistência à saúde da população indígena, como também o Programa de Residência Multiprofissional que oferece área de concentração em Saúde Indígena ofertado pelo HU-UFGD. “Tenho certeza que será um encontro bastante produtivo, assim como foi a visita a Brasília”, comenta Glênio.

O Núcleo

Com formação multiprofissional, o NSI é composto por assistente social, enfermeiros, médicos e dentista, além representantes da UFGD (Faculdade intercultural Indígena – FAIND e Faculdade de Ciências Humanas – FCH) e profissionais do polo base do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) em Dourados.

Entre os princípios que norteiam o NSI estão o respeito e a valorização da cultura e das tradições das etnias. Nesse sentido, algumas ações já previstas incluem a acolhida diferenciada, com disponibilidade de facilitadores sociais que tenham domínio do idioma e possam acompanhar e orientar o paciente, estreitando a comunicação e garantindo o acesso às informações necessárias ao atendimento.
No Plano de Ação do NSI constam, ainda, medidas específicas de assistência aos usuários indígenas, como aumento da oferta de dieta diferenciada, facilidade de acesso e permanência de acompanhantes, bem como dos cuidadores da medicina tradicional. “Muitas vezes, com ações simples e de fácil execução, conseguimos melhorar muito a qualidade do atendimento, humanizando a relação da instituição com os pacientes, acompanhantes e familiares”, afirma o coordenador do NSI.

Importância

A criação do NSI do HU-UFGD sinaliza o aprimoramento do serviço já prestado à população indígena, uma vez que o hospital é referência na macrorregião e recebe pacientes indígenas de sete municípios: Dourados, Paranhos, Amambai, Iguatemi, Antônio João, Caarapó e Tacuru.

Em 2017, o HU-UFGD registrou 979 atendimentos a indígenas e foi, em todo o Estado de Mato Grosso do sul, a unidade de saúde com maior produção hospitalar voltada a esse público, uma vez que realiza procedimentos de média e alta complexidade.

Estima-se, no entanto, que o número de pessoas atendidas esteja subdimensionado, pois em muitos casos não é assinalada a etnia do paciente. “É uma situação que também pretendemos solucionar a partir das atividades do NSI”, assegura Glênio.

Com a implementação do Núcleo, o HU-UFGD também passa a cumprir alguns requisitos necessários à habilitação pelo Ministério da Saúde para fazer jus ao Incentivo para Atenção Especializada aos Povos Indígenas (IAE-PI), recurso essencial ao progresso das ações de melhoria previstas pela instituição.