UFMG discute propostas para amenizar impactos com mobilidade após adesão ao Sisu

O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) aumentou a mobilidade entre estados, universidades e cursos. Se para os alunos o fim dos vestibulares e a criação de um sistema nacional ampliaram a oferta de locais aos quais podem se candidatar sem sair da cidade de origem, para as universidades, a principal forma de ingressar no ensino superior no Brasil aumentou o número de vagas ociosas em diversos cursos. A situação preocupa a Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que iniciou processo de consulta à comunidade acadêmica para implementação de medidas que reduzam os impactos econômicos. Com menos alunos, pode ocorrer a redução de turmas, de aulas e até de carga horária de professores.
“Não temos um estudo detalhado dos impactos econômicos. É uma conta difícil de fazer. Mas estamos tomando medidas para evitar que essa situação ocorra. Temos que rediscutir a lógica de ingresso para reduzir a necessidade que os alunos têm de mudar de curso”, afirma o pró-reitor de Graduação, Ricardo Takahashi.

Os números da mobilidade com a implementação do Sisu são bastante expressivos. No primeiro semestre de 2011, quando o Enem substituía a primeira etapa das provas, apenas 0,4% dos estudantes mudaram de curso ou de instituição. O índice passou para 12,15% em 2014. Metade das trocas de cursos ocorreu dentro da própria UFMG, e a outra metade para outras escolas federais do interior ou de outro estado. A universidade também passou a receber um número maior de alunos. Cerca de 25% que ingressaram na universidade de 2014 já estavam matriculados em cursos superiores – dentro da própria UFMG ou oriundos de outras faculdades.

Três propostas estão sendo discutidas, sendo que duas delas mudam, inclusive, a maneira como a graduação se organiza na universidade. Para reduzir a evasão, uma das possibilidades é o ingresso por área e não por curso, como ocorre atualmente pelo Sisu. Nesse formato, o aluno escolheria uma área e dentro dela teria mais mobilidade. A segunda opção analisada é a implementação dos bacharelados interdisciplinares que poderiam ser em tecnologia, ciências exatas, biológicas e humanas, por exemplo. Segundo o pró-reitor, é uma modalidade prevista pelo Conselho Nacional de Educação. Neste formato, o aluno faria o primeiro ciclo de uma graduação mais genérica em três anos, receberia um diploma, o que poderia já habilitá-lo a ir ao mercado de trabalho ou poderia dar continuidade em um segundo ciclo, optando por uma formação mais profissionalizante.”Seria bem semelhante ao modelo europeu que os países adotam desde o Tratado de Bolonha.”

FLEXIBILIZAÇÃO A terceira opção seria manter a graduação da maneira como está organizada a partir dos cursos de bacharelado e licenciatura, mas implementando modificações para dar mais mobilidade aos alunos. “O modelo adotado pela UFMG é muito bem-sucedido. Mas é preciso mexer em algumas regras para dar mais trânsito aos alunos, flexibilizar”, afirmou Takahashi. O pró-reitor garante que qualquer uma das três opções é compatível com o Sisu.

A mudança deverá ocorrer dentro de um ano e meio e até lá o debate sobre qual melhor opção deverá percorrer um longo caminho. A primeira fase, já em andamento, prevê as consultas ampliadas para coletar a opinião da comunidade acadêmica. Um segundo passo é o debate das mudanças nos colegiados dos cursos, nas congregações das unidades. No nível da Reitoria, as mudanças devem ser avaliadas pela câmara da graduação e pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. “Está colocada a necessidade de mudança, mas é preciso tramitar em todas essas instâncias.

Márcia Maria Cruz – Estado de Minas