UFMS – Residência em Reabilitação Física formaliza parcerias

Ontem, dia 8, o Programa de Residência Multiprofissional em Reabilitação Física da UFMS foi formalmente lançado e o convênio com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e a Secretaria de Estado de Saúde (SES), entidades parceiras do programa, foi assinado.

A Residência Multiprofissional em Reabilitação Física une profissionais das áreas da Fisioterapia, da Terapia Ocupacional, da Fonoaudiologia, do Serviço Social, da Enfermagem, da Nutrição e da Psicologia com o objetivo de formar especialistas capazes de atender a rede de cuidados integrados da pessoa com deficiência.

No momento, o foco do programa tem sido o atendimento de crianças que nasceram com sequelas decorrentes do zika vírus. Em projeto de pesquisa elaborado pelo professor Everton Falcão, com parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro, foram mapeadas todas as mulheres sul-mato-grossenses notificadas com infecção do vírus durante a gestação. Após esta etapa, as mulheres foram contatadas para saber se seus filhos haviam nascido com sequelas e, caso sim, se o acompanhamento médico especializado estava sendo realizado. As famílias que não estavam recebendo assistência médica foram convidadas a serem atendidas na Clínica Escola Integrada da UFMS.

“A principal sequela que conhecemos, porque é veiculada na mídia, é a microcefalia, mas a gente sabe que existem várias outras sequelas que precisam ser investigadas e precisam de reabilitação para que essa criança possa garantir ganhos motores e neurológicos que, por conta das sequelas, são mais complicados ou atrasados. Essa residência vem exatamente de encontro nesse ponto, ofertar assistência para que seja possível que essas crianças melhorem os ganhos que elas possam ter perdido durante o desenvolvimento intrauterino com a mãe infectada pelo zika vírus”, explica Everton.

A terapeuta ocupacional Mayara Cohen é formada pela Universidade do Estado do Pará (Uepa) e veio fazer a residência aqui na UFMS. “É uma oportunidade incrível, porque a gente está se especializando numa área que vai trabalhar com o ser humano de uma maneira mais presencial, mais significativa, em que a gente toca e sente a pessoa de maneira biopsicossocial. A gente sempre caracteriza que o ser humano não é só a doença, ele é todo o significado que vem por trás, tudo aquilo que tem de essência, todo aquele significado que ele traz com a vida que ele teve”.

Tanto Everton quanto Mayara acreditam que o diferencial da residência está na multidisciplinaridade. “A gente não pode ficar dentro das caixinhas das profissões. A ideia da residência é fazer um atendimento interdisciplinar que as profissões se conversem e que, sempre que possível, os atendimentos sejam feitos em conjunto”, declara o professor.

As atividades do programa são realizadas em parceria com o Centro Especializado em Reabilitação da Apae (CER Apae), como conta o professor Fernando Pierette. “Os residentes estão fazendo o treinamento em serviço no CER Apae no período da manhã e no período da tarde eles atendem, duas vezes por semana no ambulatório da Clínica Escola Integrada, as crianças portadoras de sequelas da síndrome congênita do zika vírus. Nos outros dias da semana os residentes têm aulas teóricas”.

Segundo o coordenador do CER Apae, este tipo de programa de residência contribui para o aumento dos serviços voltados para as pessoas com deficiência. “O Ministério da Saúde tem cinco grandes redes no Brasil e a rede de atenção à saúde da pessoa com deficiência é a que menos está implantada dentro do Sistema Único de Saúde. A ampliação da capacitação acadêmica de residentes e o matriciamento deles no serviço da atenção básica possibilita o aumento da oferta de serviços para a pessoa com deficiência e do número de atendimentos realizados”, afirma.

O secretário de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul, Geraldo Resende, esteve presente na solenidade para assinatura do convenio. “Nós temos um contingente expressivo de brasileiros e brasileiras que tem deficiência, fala-se em 14% da população, ou seja, mais de 30 milhões de pessoas. É preciso formar profissionais e qualifica-los para que essas pessoas sejam readaptadas”.

Para o professor Fernando Pierette, trabalhos como o realizado no Programa de Residência Multiprofissional em Reabilitação Física são uma resposta direta do investimento da sociedade. “É a pesquisa dando respostas para as necessidades sociais e colaborando com a rede de serviços de saúde do país num trabalho proativo, gratuito de formação de profissionais e qualificação de atendimento”.