UFMT – Pesquisa aponta relatividade de riscos para a Covid-19

Pesquisa intitulada “Detectando clusters espaço-temporais da COVID-19 no Brasil: mortalidade, desigualdade, vulnerabilidade socioeconômica e o Risco Relativo da doença nos municípios brasileiros”, desenvolvida pelo professor Ricardo Vicente Ferreira, do Departamento de Geografia da UFTM, em parceria com os professores Marcos Roberto Martines e Rogério Hartung Toppa, da Ufscar; professora Luiza Maria de Assunção, da UEMG;  professor Eric M Delmelle, da University of North Carolina at Charlotte; e com  Michael Richard Desjardins, pesquisador da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, foi publicada no repositório medRxiv.

Segundo o professor Ricardo, tudo começou com o projeto de pesquisa e extensão que ele desenvolve aqui na UFTM, mapeando os casos de Covid-19 na Macrorregião de Saúde do Triângulo Sul, projeto que ainda segue em andamento. Devido ao fato de já terem estudos parecidos nos Estados Unidos, foram convidados os pesquisadores americanos para somarem esforços na pesquisa. “Aqui no Brasil, porém, damos um enfoque diferente, inserindo casos e óbitos por Covid-19 e relacionando com perfil socioeconômico dos municípios”, frisa Ricardo.

O estudo aponta a necessidade de se fazer uma análise na perspectiva do avanço da Covid-19 no tempo e no espaço, tornando possível verificar os lugares onde o contágio aumenta e analisar os lugares em relação ao risco observado. Isso é fundamental para o planejamento das medidas de enfrentamento da doença.

A pesquisa implicou compilar dados de casos e óbitos por Covid-19 em todo o território nacional e analisar, no espaço e no tempo, o espalhamento nos municípios do país. Procurou-se ver em quais municípios os casos são emergentes e qual é o Risco Relativo. O resultado mostra clusters de Covid-19 no território nacional e aponta regiões e municípios mais críticos.

Segundo o professor Ricardo, o primeiro caso de Covid-19 na América do Sul ocorreu no Brasil em 25 de fevereiro de 2020. Em 7 de junho de 2020, havia 691.758 casos confirmados, 36.455 mortes confirmadas e uma taxa de mortalidade de 5,3%. Por meio de análises estatísticas foi possível detectar 11 grupos emergentes (clusters) de espaço-tempo de Covid-19 ocorrendo em todas as regiões brasileiras, sendo sete deles com risco relativo maior que um e o mais alto no estado do Amapá na região norte do Brasil. Os resultados podem ser utilizados para melhorar a resposta e o planejamento sobre a Covid-19 em todos os estados brasileiros. Entre as várias observações da pesquisa, há o apontamento de que municípios com maior desigualdade econômica e maior vulnerabilidade social podem apresentar riscos relativos mais altos para os casos de Covid-19.