UFRGS – Pesquisa indica risco aumentado de complicações pela Covid-19 durante a gravidez

O trabalho ratifica a importância da prevenção da infecção pelo novo Coronavírus em mulheres grávidas, que constituem um grupo de alto risco e vulnerabilidade durante a pandemia

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) identificaram alterações moleculares associadas ao risco que a covid-19 implica durante a gravidez. O quadro molecular identificado mostra alterações moleculares resultantes da infecção por SARS-CoV-2 que estão relacionadas à pré-eclâmpsia, uma doença caracterizada, principalmente, por um quadro de hipertensão arterial durante a gravidez.

O estudo The risk of COVID-19 for pregnant women: Evidences of molecular alterations associated with preeclampsia in SARS-CoV-2 infection, coordenado pelos professores Walter Beys da Silva, do Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular (PPGBCM/UFRGS), e Markus Berger, do Centro de Pesquisa Experimental do HCPA e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Ginecologia e Obstetrícia (PPGGO/UFRGS), foi publicado em 1º de novembro na revista científica internacional Biochimica et Biophysica Acta – Molecular Basis of Disease.

Os resultados da pesquisa apontam que, em amostras de pacientes com covid-19, além de amostras experimentalmente infectadas por SARS-CoV-2, ocorre um impacto dramático na expressão gênica do hospedeiro, resultando em um quadro molecular ligado à pré-eclâmpsia e vias metabólicas associadas, tais como a desregulação da hemostasia, isquemia, sinalização inflamatória e resposta vascular.

Uma lista com mais de 30 marcadores moleculares potenciais foi apresentada no estudo e pode, além de contribuir para um maior entendimento da covid-19, servir de base para a proposição de futuras intervenções terapêuticas específicas para gestantes. Além disso, o trabalho ratifica a importância da prevenção da infecção pelo novo coronavírus em mulheres grávidas, que constituem um grupo de alto risco e vulnerabilidade durante a pandemia.

Figura do trabalho, evidenciando os resultados referentes aos genes identificados na infecção do SARS-CoV-2 e na covid-19 e sua relação com a pré-eclâmpsia e vias associadas.

Sobre a covid-19

A covid-19, patologia associada à infecção pelo novo coronavírus, SARS-CoV-2, está afetando drasticamente o Brasil, segundo país no mundo em número de mortes, com mais de 150 mil óbitos até o momento. Entre os grupos de maior risco para a doença encontram-se idosos, diabéticos, portadores de doenças cardiorrespiratórias, entre outros.

Sobre a pré-eclâmpsia

A pré-eclâmpsia é uma doença que se caracteriza por um quadro de hipertensão gestacional, que pode evoluir para complicações mais graves, incluindo o aborto, o parto prematuro e a morte. No Brasil, a hipertensão é considerada uma das principais causas de morte durante a gravidez. Levantamentos epidemiológicos recentes mostram que a cada ano, no mundo, cerca de 10 milhões de mulheres desenvolvem pré-eclâmpsia, e 76 mil morrem em decorrência dessa doença e desordens hipertensivas associadas. Estima-se que cerca de 500 mil bebês morrem devido à pré-eclâmpsia anualmente.

Acesse o artigo: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0925443920303471.