CEFET-MG – Outubro Rosa: profissionais dão dicas sobre a prevenção do câncer de mama

Aos 35 anos, Mariana Lacerda, da cidade de Almenara, foi diagnosticada com câncer de mama. Foram sete meses de quimioterapia, duas cirurgias de mastectomia e esvaziamento de axila, 25 sessões de radioterapia e um ano e meio de tratamento intensivo. Em Belo Horizonte, Mariana encontrou apoio da equipe do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (Siass) do CEFET-MG devido à proximidade com a assistente social Maria Salete Guimarães. “Fui muito bem recebida no CEFET-MG por toda equipe médica, sempre tirando dúvidas e me dando apoio emocional, porque não é fácil lidar com um câncer. Recebi carinho e conforto vindos de todos os profissionais que tive o prazer de conhecer na Instituição”, afirma Mariana.

Assim como Mariana, muitas brasileiras lutam para vencer a doença. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), órgão do Ministério da Saúde, o câncer de mama e de pulmão são os mais incidentes no mundo. Para o Brasil, a estimativa para cada ano do triênio 2020-2022 aponta que ocorrerão 625 mil casos novos de câncer. O câncer de pele não melanoma será o mais incidente (177 mil), seguido pelos cânceres de mama e próstata (66 mil cada). Assim, a importância do diagnóstico precoce para maiores chances de cura.

Para fortalecer a conscientização do autoexame, a campanha Outubro Rosa visa alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e do colo do útero. No Brasil, as campanhas acontecem desde 2002, mas foram instituídas por lei federal em 2018. “As campanhas como o Outubro Rosa são de fundamental importância não só pela divulgação de medidas específicas de prevenção para a doença da mama como também pela oportunidade de se discutirem diversos outros aspectos relevantes associados ao processo de adoecimento da mulher”, explica o médico do Siass Márcio Geraldo Moreira.

No CEFET-MG, a equipe do Siass, formada por fisioterapeutas, psicólogos, médicos, enfermeiros e assistentes sociais, cada um com sua especificidade, alerta sobre a importância da prevenção e os cuidados com a saúde. “Assumir a prevenção do câncer de mama fazendo regularmente o autoexame e a mamografia representa autoestima e coragem.  Sabemos que o diagnóstico precoce é essencial para um tratamento bem sucedido e  sem sequelas. Muitas vezes, a pessoa deixa para depois por medo do tratamento. E este medo somente atrapalha”, ressalta a assistente social Maria Salete Guimarães.

A equipe de enfermagem, segundo a enfermeira  Chaiene Menezes, utiliza as ações de educação em saúde para levar ao público informações que contemplam um estilo de vida saudável por meio da alimentação, o peso corporal adequado, a prática de atividades físicas regularmente, não fumar nem fazer o uso de álcool, evitar comportamentos que aumentam o estresse no dia a dia e evitar o uso de hormônios sintéticos em altas doses. “Sabemos também que quanto mais precoce o diagnóstico do câncer de mama, maior a chance de cura, logo, autoconhecimento e autocuidado com seu próprio corpo são fundamentais”, destaca Chaiene.

A fisioterapia possui também papel fundamental no processo preventivo. “A fisioterapia oncológica atua desde a preparação do paciente para a cirurgia até a reabilitação funcional no pós-operatório imediato e tardio. E aborda vários aspectos como controle da dor e alterações de sensibilidade, redução do linfedema, das aderências cicatriciais, da fadiga, da fraqueza muscular e da limitação na mobilidade do ombro e do braço, que podem ocorrer após os tratamentos cirúrgico e complementares”, explica a fisioterapeuta Isabella de Oliveira.

A saúde mental também possui potencial estratégico na prevenção e no tratamento da saúde física. O psicólogo Matheus Bocardi alerta para o aumento da chance de desenvolvimento de transtornos e sintomas psicológicos nos pacientes do câncer, mas o tratamento em saúde mental associado ao câncer melhora o engajamento, a motivação para mudança, auxilia no enfrentamento do medo, da desesperança e até mesmo de dores advindas das intervenções oncológicas. “Seguindo na linha otimista, melhores índices de saúde mental ajudam até mesmo na promoção de saúde em pessoas que não possuem o diagnóstico. Então, se você quer se prevenir por completo, saiba que a mente, em harmonia com o corpo, pode te proporcionar amor próprio, autoimagem positiva, quebra da vergonha da exposição de suas partes íntimas ao médico, até a liberdade de se tocar sem medo, culminando na autoexploração de sinais no corpo que podem antecipar uma procura por avaliação médica. Se há sinal de desequilíbrio no aparato mente-corpo, seja na prevenção, seja no tratamento, você está perdendo uma ótima oportunidade de contar com um profissional de saúde mental na união de forças em prol do seu bem-estar”, conclui Matheus.

O psiquiatra do Siass Gustavo Coutinho chama a atenção para a dura experiência vivenciada pela mulher. “Desde a primeira alteração em um exame de rotina, surge o medo do diagnóstico, então da morte. Submeter-se ao tratamento também carrega angústias. Realizar uma cirurgia que afeta uma parte tão feminina do corpo; utilizar um quimioterápico que bloqueia o hormônio feminino, o mesmo que quando declina naturalmente, leva aos sintomas do climatério. Muitas vezes, surge uma depressão difícil de tratar. A experiência singular é variada, desde a sensação engrandecedora de superar dificuldades ao padecimento depressivo inevitável. Vejo meu papel como psiquiatra em cuidar da mente dessas mulheres em luta, enquanto elas cuidam do corpo”, ressalta.