Com orçamento apertado, UFU prevê corte de gastos em 7,14%

Este ano deve ser de desafio e contenção de gastos para a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), segundo a Administração Superior da instituição. Isso porque a previsão orçamentária da instituição para 2016 é de R$ 1,3 bilhão, 7,14% a menos que a cifra esperada para o último ano (R$ 1,4 bilhão). Contudo, o montante atual é 8,3% maior do que o R$ 1,2 bilhão executado em 2015, quando houve cortes e atrasos de verbas. A entidade já estuda maneiras de encurtar custos e os primeiros cortes da lista devem ser com viagens de professores.

O valor previsto para 2016, que já foi apresentado às unidades acadêmicas da UFU, ainda está sujeito a ajustes por causa do contingenciamento de 5% em recursos que o Ministério da Educação (MEC) sofreu e que pode interferir em instituições de ensino superior. De acordo com o pró-reitor de Planejamento e Administração da UFU, José Francisco Ribeiro, a expectativa é de que não haja cortes na verba que a instituição recebe, que já está apertada. “Estamos buscando conter gastos para atravessar o ano da melhor maneira possível. Se o contingenciamento chegar à UFU, teremos que reduzir ainda mais os custos, começando por passagens e diárias de viagens de professores. Mas isso ainda deve ser avaliado se realmente houver corte. Nosso intuito é não prejudicar a graduação”, disse Ribeiro.

O orçamento global da UFU inclui despesas com folha de pagamento, verbas para investimento e custeio, além de parte dos recursos do Hospital de Clínicas. O pró-reitor não informou de que maneira os valores serão divididos, mas disse que as unidades acadêmicas receberão, juntas, R$ 17 milhões para custear despesas internas e a instituição terá R$ 35 milhões para investimentos – R$ 13 milhões a mais que em 2015. “Montaremos um cronograma para retomar algumas obras, dentre as quais estão as de acessibilidade, reforma de sanitários e o Restaurante Universitário provisório. Algumas não serão finalizadas ainda neste ano, mas trabalharemos com o máximo empenho.”

Em relação à pós-graduação, a situação é incerta. “Não recebemos ainda nenhuma sinalização sobre o recurso que está para chegar das agências de fomento. Mas é possível que não seja muito diferente do ano passado, quando houve corte de 75% do recurso, o que impactou nas verbas de custeio e capital e dificultou a compra de equipamentos e viagens para congressos”, afirmou Ribeiro.

Unidades acadêmicas vão seguir economias que fizeram em 2015

Com o orçamento reduzido para 2016 em relação ao estimado para 2015, as unidades acadêmicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) estão moderando os gastos para evitar que faltem recursos ao longo do ano. “Começamos a trabalhar com mais planejamento e antecedência, assim como no ano passado. Compramos passagens para professores participarem de congressos antecipadamente e não investimos na construção de laboratórios. Mas acho isso extremamente positivo, porque significa que estamos gastando melhor a verba”, afirmou o diretor da Faculdade de Engenharia Civil, Dogmar Antônio de Souza Júnior.

Segundo o diretor da Faculdade de Medicina – que inclui os cursos de Medicina, Enfermagem e Nutrição -, Ben-Hur Braga Taliberti, a ideia é trabalhar como no último ano. “Gastamos muito na manutenção dos cursos e, desde o ano passado, estamos com uma postura mais crítica em relação aos custos. Analisamos bem antes de gastar, sempre para evitar desperdício de recurso e garantir que nada na graduação seja prejudicado. Todos os pedidos são cuidadosamente analisados para que possamos encontrar um modo de destinar melhor os recursos”, disse.

Situação do Hospital de Clínicas e imprevisível

A escassez de recursos financeiros fez com que o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) suspendesse os atendimentos eletivos – aqueles que não são considerados urgência ou emergência – por tempo indeterminado em 20 de janeiro desse ano. Em maio de 2015, um problema semelhante, que ocasionou no desabastecimento de insumos básicos, fez com que as portas do Pronto-Socorro fossem fechadas para demanda espontânea e que pacientes só fossem atendidos ao serem referenciados pelas unidades de saúde.

Segundo o reitor da instituição, Elmiro Santos Resende, a situação, neste ano, permanece imprevisível. “Os atrasos no repasse de verbas têm feito a situação do hospital, que já era delicada, se agravar. O orçamento de hospitais universitários é construído ao longo dos meses, mas não sabemos se vai haver mais atraso ou mesmo contingenciamento. Não é possível prever o que acontecerá, mas estamos nos empenhando para reabastecer os insumos”, afirmou Santos.