POLÍTICA CIENTÍFICA – Verba para pesquisas em saúde vai beneficiar universidades

Investimento de R$ 1,5 bilhão para estudos anunciado pelo ministro Alexandre Padilha será destinado por meio de editais e contratações diretas. Mapeamento do Ministério da Saúde definiu 16 áreas prioritárias para o financiamento

O investimento de R$ 1,5 bilhão em pesquisas em saúde no Brasil anunciados pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante o IX Congresso Brasileiro de Bioética, serão aplicados em ações consideradas estratégicas pelo governo federal e alinhadas às necessidades do país.

A ideia é que a geração de conhecimento científico seja transformada em prestação de serviços. “Esperamos que as universidades produzam conhecimento para a realidade de saúde brasileira. Hoje nossa principal causa de mortalidade são as doenças cardiovasculares. Nosso objetivo é que as instituições de ensino superior possam descobrir tratamentos e programas para os problemas atuais”, disse o ministro Alexandre Padilha, no I Encontro com a Comunidade Científica, realizado no hotel Grand Bittar, na manhã desta quinta-feira, 8 de setembro.

Foram eleitas 16 linhas de pesquisa que serão beneficiadas pelo orçamento de R$ 1,5 bilhão. Dentre elas, estão: complexo produtivo nacional, modelo e instrumentos de gestão, atenção básica e especializada, vigilância em saúde, rede cegonha, rede de urgência e emergência, saúde mental, qualificação dos profissionais e trabalhadores de saúde, assistência farmacêutica, regulação e fiscalização da saúde e erradicação da extrema pobreza no país. As prioridades foram traçadas a partir de um mapeamento de demandas, identificadas pelo ministério, pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e pela Fundação Oswaldo Cruz.

Os recursos serão direcionados à execução de pesquisas e eventos científicos, por meio de editais e contratações diretas; apoio às atividades de formação e capacitação em pós-doutorado, mestrado, especialização e extensão; desenvolvimento de redes de pesquisa nos temas dengue, malária, câncer, pesquisa clínica e terapia celular; apoio à criação de institutos, centros e núcleos de pesquisa e a realização de eventos científicos. “Esse é um recurso aberto e esperamos que as universidades participem abertamente. É lógico que quando especificamos alguns temas, eles atraem a distribuição regional dos recursos. Não queremos que eles se concentrem em uma determinada região do país”, disse Padilha. Por exemplo, a malária é prioritária das regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste.

CIÊNCIA ÉTICA – O ministro também anunciou a criação da Plataforma Brasil e do Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (Rebec). Eles foram criados para acelerar o processo de aprovação de testes com novos medicamentos envolvendo seres humanos em pesquisas e agilizar a publicação de artigos de pesquisadores brasileiros. “A partir de agora, poderemos saber quem, quando e como estão sendo estudados os voluntários de pesquisa no Brasil”, disse Gisele Saddi Tannous, coordenadora da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

A Plataforma Brasil reúne a base nacional e unificada de registros de pesquisas com seres humanos. Elas poderão ser acompanhadas de qualquer lugar, oferecendo a possibilidade de que pesquisadores acompanhem o andamento de seus projetos, desde sua submissão até a aprovação final pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e os comitês locais.

Acesse aqui a Plataforma Brasil.

Com o Rebec, os pesquisadores não precisarão mais recorrer a plataformas estrangeiras para registrar seus artigos. Ele é o primeiro sistema de registro de ensaios clínicos em língua português no mundo, reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “Vamos acelerar o registro e a execução das pesquisas e dar mais transparência aos resultados dos estudos. Toda sociedade brasileira vai poder acompanhar quais pesquisas estão sendo realizadas no Brasil”, afirmou o ministro.