Secretários executivos em alta no Planalto

Diante da perspectiva de debandada nos ministérios em função das eleições, Lula planeja concluir mandato com servidores de perfil técnico. Ideia é evitar paralisação nos projetos

O presidente Lula já tem em mãos um mapa com as pretensões de todos os seus ministros e a certeza de que aqueles interessados em seguir uma carreira política só pretendem deixar a equipe de governo na hora de entrar de corpo e alma na campanha, ou seja, em abril do ano que vem. Diante dessa perspectiva de ficar com todos até abril, a intenção do presidente é concluir o governo com um ministério técnico e sem descontinuidade de ações em curso. Por isso, sua preferência pelos secretários executivos, especialmente nas áreas sociais. A lógica que leva o presidente a essa solução é a de que não dá para colocar alguém que desconheça o funcionamento da máquina, uma vez que não haveria tempo para começar novos projetos no último ano de governo.

No caso da Educação, Lula abre uma exceção. Se o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) for mesmo candidato a governador de São Paulo, Lula tem dito que pedirá ao ministro Fernando Haddad que fique no cargo até dezembro de 2010. Haddad é por enquanto o único ministro da lista de possíveis candidatos que Lula já manifestou desejo de pedir que não saia. Quanto aos demais, ele não se sente no direito de pleitear que fiquem mais alguns meses.

Um dos secretários executivos que surge como curinga para o presidente é o da Fazenda, Sérgio Machado, que já ocupou a pasta da Previdência.

O retorno de Machado à Previdência não está totalmente descartado, caso o ministro José Pimentel, deputado pelo PT do Ceará, decida concorrer a um novo mandato parlamentar.

A preferência de Lula pelos secretários executivos levou o PR, por exemplo, a se entender com o do Ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Oliveira Passos. Funcionário de carreira do ministério, Passos hoje toca de ouvido com o ministro Alfredo Nascimento, que o considera uma boa opção. Se houver algum empecilho ou o partido bater o pé em busca de um nome político, a aposta será Luiz Antonio Pagot, que hoje dirige o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

O PR só aceitará fazer essa troca se puder indicar outro nome dos seus quadros para o lugar de Pagot. O interesse do PR em manter o Dnit é tal que, no início do ano, o partido decidiu que Pagot não seria candidato a nada apenas para não deixar o departamento aberto ao olho grande dos demais partidos aliados ao governo. Na mesma situação está Pedro Britto, chefe da Secretaria Nacional de Portos, ligado ao PSB do deputado Ciro Gomes.

PMDB, o impasse
A briga maior será mesmo no PMDB, em especial, nos ministérios de Minas e Energia e da Integração Nacional. No MME do ministro Edison Lobão, a secretaria executiva é comandada por Márcio Pereira Zimmermann. Ex-secretário de Planejamento Energético do Ministério, Zimmermann comandou a pasta em 2007, assim que o ministro Silas Rondeau deixou o cargo. Conta com a simpatia da ministra Dilma Rousseff para permanecer na função quando Edison Lobão deixar o governo para concorrer ao Senado no Maranhão.

A permanência de Zimmermann no lugar do ministro esbarra no desejo do PMDB de indicar os substitutos de ministros que deixarem os cargos, inclusive Geddel Vieira Lima (Integração) e Hélio Costa (Comunicações). O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, já declarou que pretende influir nessas escolhas.

No caso do PT, o governo não terá tanto problema na hora de nomear os substitutos dos ministros. Não está descartada, por exemplo, a transferência de Miriam Melchior para o lugar de Patrus Ananias, que deve ser candidato do PT ao governo de Minas Gerais. Para o lugar de Paulo Bernardo no Ministério do Planejamento, o nome é mesmo o de João Bernardo Bringel, secretário executivo.

Assessor imediato
Profissional com formação técnica, é o assessor imediato dos titulares de um órgão público ou empresa privada. Controla a agenda do chefe, participa das decisões tomadas e providencia formas de garantir agilidade nos processos internos e externos. Como dispõe da confiança do superior, acaba sendo a ponte da chefia com as demais áreas do órgão, no caso do setor público. Externamente, auxilia na elaboração de apresentações, organização de eventos e encontros de negócios dos quais o chefe participa.

Denise Rothenburg – Correio Braziliense, 13/07