UFPB – Pacientes com Parkinson são atendidos na Clínica-Escola de Fisioterapia

Toda quinta-feira, o aposentado Boanerges Aires Barbosa tem um compromisso importante no campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Diagnosticado em 2010 com a doença de Parkinson, ele é paciente da Clínica-Escola de Fisioterapia da universidade. O grupo do qual faz parte é coordenado pela professora Adriana Ribeiro, que orienta alunos do sétimo período em uma disciplina prática.

Barbosa frequenta o grupo de fisioterapia desde outubro do ano passado, encaminhado por sua médica. “Para mim, tem sido ótimo. Eu já tinha feito fisioterapia antes, mas tinha parado. Tinha muita dificuldade de me abaixar, precisava de ajuda, porque estava muito enrijecido”, conta ele.

Além das sessões, o aposentado faz atividades físicas regulares. “Acordo às 5h da manhã, faço caminhada e ando uns dez quilômetros de bicicleta. Também faço musculação três vezes por semana. Hoje, consigo fazer quase tudo. Se eu parar, sei que vou piorar”, avalia.

Professora da UFPB há dez anos, Adriana Ribeiro pesquisa a doença de Parkinson desde o doutorado. A ideia de formar um grupo com pacientes diagnosticados com a doença surgiu há um ano, devido à alta procura desses pela Clínica-Escola. Geralmente, os pacientes são encaminhados pelo Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW/UFPB), pelo Centro de Atenção Integral à Saúde (Cais) de Jaguaribe, mas também chegam ao serviço por demanda espontânea.

“O que a gente percebe é que há um interesse pelo tratamento. Desde que formamos o grupo, só tivemos uma evasão. Eles percebem a melhora da sua qualidade de vida”, reflete. O grupo possui seis pacientes e há outros cinco que recebem tratamento individual. Atualmente, há uma lista de espera para atendimento.

Para a professora, além das melhorias em si, o grupo cumpre com a função de acolher e socializar. Essa é também a percepção de Barbosa. “Eu sou muito ruim de relacionamento, mas o grupo me ajuda com isso”, conta. Além do momento que dividem semanalmente na Clínica-escola, os integrantes costumam fazer outras atividades juntos.

Para esse ano, Adriana Ribeiro conta que um dos objetivos é atuar na educação em saúde, levando mais informações aos pacientes e familiares que convivem com a doença. Ela explica que a Doença de Parkinson é classificada em sete níveis, sendo o último, aquele em que a pessoa não consegue realizar nenhuma atividade sozinha.

Os principais sintomas são o tremor, a rigidez muscular, a instabilidade postural e a bradicinesia, caracterizada pela lentidão dos movimentos. A professora explica que os pacientes podem apresentar todos os sintomas, sendo o tremor o mais estigmatizado pela sociedade. “O paciente com sintoma tremulante tem mais dificuldade de socialização, sente vergonha de comer em público porque há um preconceito em torno disso”, afirma. No entanto, do ponto de vista médico, a rigidez muscular é tida como mais grave, pois impede a execução de movimentos. “São sofrimentos diferentes, mas todos sofrem com a doença”, avalia.

O Parkinson afeta o sistema nervoso central, é uma doença degenerativa e se manifesta em homens e mulheres com idades entre 40 e 70 anos. Barbosa foi diagnosticado aos 51 anos. “Eu tinha o sonho de me aposentar e continuar trabalhando. Mas tive de parar dois anos depois do diagnóstico”, revela.

A média de idade dos pacientes do grupo é 58 anos, conforme a professora. Ela explica que a fisioterapia atua nas disfunções do sistema nervoso. “A fisio trabalha para que os sintomas comecem a aparecer mais tarde”, relata. Os pacientes fazem alongamento e exercícios de força que ajudam na sua mobilidade, sempre acompanhados pelos alunos da disciplina e sob a supervisão de Adriana Ribeiro.