Refletir sobre a saúde mental na universidade foi o tema da tarde do dia 8 de agosto durante a Ação Institucional de Planejamento Pedagógico e Administrativo, organizado pela Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Pró-Pessoas) e a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae). O evento, mais que uma discussão propôs uma troca de experiências e também apresentação de ações que vem sendo realizadas na UFG. A professora da Faculdade de Enfermagem foi quem mediou o debate e propôs alguns questionamentos: quem são nossos estudantes? O que os tem levado a tantos problemas de saúde mental? Seria a mudança no mercado de trabalho? De cidade? De cultura? Ou de significação?
Ela trouxe alguns números sobre o índice de suicídio em Goiás. Segundo a Secretaria de Segurança Pública: em 2017 foram 470 suicídios em Goiás e só no primeiro semestre de 2018 já foram 239. Em 2017 foram 726 tentativas de suicídio e no primeiro semestre de 2018 foram 388. “E temos que considerar que há ainda a subnotificação”, explica a professora. A psicóloga do programa Saudavelmente, Viviane Ferro, destacou que há alguns anos atrás que o programa conseguia atender estudantes que estavam em início de adoecimento. “Hoje só conseguimos atender casos muito graves”, afirma. Segundo ela, o programa que oferece apoio psicológico a estudantes acompanha hoje cerca de 500 pessoas.
Saúde mental
Dados mostram necessidade de pensar estratégias para promoção da saúde mental nas universidades
Segundo ela, no mundo 12% das pessoas tem algum adoecimento mental, sendo 2% de casos considerados graves. “No entanto, na população universitária esse número sobe para 60%. Um dos motivos é que entre 17 e 22 anos costumam ocorrer os primeiros sintomas e essa é a idade que coincide com o período universitário, mas a rotina estressante, a cobrança e a competitividade também podem provocar essa ruptura.
Segundo dados da última pesquisa do Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace) de 2014, 58% dos estudantes de graduação que responderam os questionários declararam sofrer de ansiedade; 44% declararam desânimo e falta de vontade; 32% declararam insônia e 10% declaram pensamento suicida e ideação de morte. “10% da população universitária quer dizer cerca de 60 mil pessoas com essa ideação”, afirma a psicóloga.
Como identificar – Viviane explica que alguns sinais podem identificar problemas de saúde mental: atitudes negativas, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, angústia, ausências, agressividade, baixa autoestima, mudança de comportamento, queda de rendimento acadêmico. Entre as orientações caso se depare com um caso como esse, Viviane numera algumas questões: avaliar o risco de suicídio, lesões corporais ou aflição extrema; ouvir sem julgar; encorajar ajuda profissional e recomendar outros tipos de assistência.
Num segundo momento a professora Juliana Cunha da Faculdade de Nutrição apresentou uma ação de extensão que vem sendo realizada sob sua coordenação nas Faculdades de Nutrição e Enfermagem, o projeto “Saúde mental é saúde integral”. A proposta realiza diversas ações como encontros mensais de experimentação de técnicas que podem auxiliar a saúde mental como yoga, reiki, dança circular e constelação familiar. Além dos encontros diversas dinâmicas vem sendo aplicadas como o mural do autocuidado onde as pessoas expressam como está o seu humor no dia, apreciação por cartas para os colegas e o cantinho do autocuidado, que além de um espaço de convivência e descanso para os estudantes, semanalmente recebe o ambulatório de práticas integrativas, com oferecimento de atendimento de acupuntura, auriculoterapia, reiki e florais. Segundo a professora as práticas tem tentado envolver as pessoas para que umas cuidem das outras e conheçam os colegas em uma tentativa de promoção da saúde mental.