“É mais do que um projeto; aqui nós encontramos uma família”. É assim que a bailarina Mayara Silva, 19 anos, descreve o Studio Corpo em Movimento, projeto apoiado pela Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e desenvolvido no Campus Belém, por meio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex). O projeto, que chegou aos dez anos de atividade, oferece aulas de balé gratuitas para crianças, jovens e adultos, especialmente moradores de bairros carentes de Belém, e atende, hoje, aproximadamente 200 alunos a partir dos cinco anos de idade.
A ideia é compreender a arte como um instrumento de inclusão social e, a partir daí, oferecer oportunidades à população de baixa renda, resgatando, assim, a cidadania e recuperando a auto-estima e a perspectiva de futuro dos alunos.
Originado na Itália no século XV e depois desenvolvido na Inglaterra, na Rússia e na França, o balé tornou-se um dos principais estilos de dança do mundo. Por se tratar de uma atividade historicamente elitizada no Brasil, no entanto, nem todos podem ter acesso a esta dança clássica, caracterizada pelos movimentos suaves e simétricos e retratada em inúmeros filmes, livros e obras de arte.
A professora Elene Pinheiro, coordenadora do Corpo de Movimento, conta que o Studio inicialmente recebeu apoio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) para poder se tornar gratuito. “Na metade de 2008, quando éramos a ‘Escolinha de Balé’, era cobrada uma pequena taxa para que as pessoas pudessem participar, mas a minha vontade era que as aulas fossem totalmente gratuitas. Então nós conseguimos firmar parceria com o Núcleo de Esporte e Lazer (NEL), e isso possibilitou o ingresso de pessoas mais carentes”, disse.
Hoje, o Corpo em Movimento é um dos projetos de extensão cadastrados na Ufra, parceria que já rendeu diversas premiações. Nos últimos anos, o projeto vem se mantendo sempre entre os melhores colocados nos mais importantes festivais de dança da região, colecionando prêmios que demonstram a dedicação e o talento da equipe, além de conceder oportunidades para os alunos. É o caso de Lívia Julianna Pantoja, de 10 anos, que em 2017 foi pré-selecionada, pela segunda vez, na audição da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil.
Até hoje, quase 180 projetos de extensão já foram cadastrados na Ufra, sendo o Corpo em Movimento um dos principais. “A Pró-Reitoria de Extensão possui um papel importante no que diz respeito às contribuições que pode trazer frente à sociedade e, durante esses dez anos, a Proex tem sido essencial na execução do Studio Corpo em Movimento. É um projeto de grande estima para a Universidade, pois realiza um trabalho social e cultural junto às comunidades interna e externa, oportunizando a inclusão social por meio da dança e levando o nome da Ufra aos mais nobres espetáculos e competições tradicionais”, informa o Gerente da Divisão de Assuntos Comunitários da Ufra, Celso Silva.
Hoje, dez anos após a criação do Corpo em Movimento, a professora conta com o auxílio de alunas que estão desde o início, como Mayara Silva, que começou a participar das aulas com apenas 9 anos, para realizar o sonho da avó. “Quando eu iniciei nas aulas, há dez anos, eu não imaginava que a dança se tornaria tão importante, e agora até ajudo a Professora Elene nas aulas. Hoje já enxergo o balé como um norte para a minha vida, já que foi ele que me ajudou a decidir a minha futura profissão: educadora física”, conta.
Segundo a coordenadora, o balé é muito mais que um esporte na vida desses alunos. “O balé, além de ser uma atividade física, é também uma arte, e a arte engrandece qualquer cidadão. Esses meninos têm a oportunidade de conhecer novos espaços culturais através da dança, e a atividade faz deles pessoas mais disciplinadas, responsáveis e dedicadas”.
Conheça algumas das conquistas do Studio Corpo em Movimento:
– No ano de 2011, cinco crianças do projeto foram selecionadas para participar do Curso de Férias do Miami City Ballet, companhia de Balé sediada em Miami Beach, na Flórida;
– No Dança Pará Festival, o projeto já arrecadou cinco vezes o primeiro lugar na categoria juvenil e balé clássico infantil;
– No Festival Internacional de Dança de Fortaleza, em 2016, as bailarinas conquistaram o 1º e o 3º lugar na categoria infanto-juvenil;
– No Festival Internacional de Dança da Amazônia, o Studio Corpo em Movimento obteve o 2º lugar nas categorias solo de repertório infantil, conjunto infantil e conjunto infanto-juvenil;
– Em 2017, a aluna Lívia Julianna Pantoja, de 10 anos, foi pré-selecionada, pela segunda vez, na audição da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil.