UFTM – Pesquisa traz novas perspectivas para o prognóstico e diagnóstico da doença de Chagas

Pesquisadores da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, integrantes do Núcleo de Pesquisa em Patologia Experimental e Humana, cadastrado no CNPq, traçam novas perspectivas para o prognóstico e diagnóstico da doença de Chagas aguda. O estudo, chefiado pelo pesquisador Javier Emilio Lazo-Chica (coordenador do Núcleo de Pesquisa), fez parte da tese de doutorado desenvolvida na UFTM por Wellington Francisco Rodrigues (egresso do curso de doutorado e pós-doutorado em Ciências da Saúde) e contou com a colaboração dos pesquisadores e professores Carlo José Freire Oliveira e Camila Botelho Miguel e do doutorando Thiago Alvares da Costa.

A pesquisa, que durou quatro anos, foi realizada no Laboratório de Biologia Celular – DBE-ICBN da UFTM. A pesquisadora Camila foi bolsista pela Capes durante o doutorado, assim como o pesquisador Wellington que também recebeu bolsa PNPD-Capes no pós-doutorado.

A pesquisa

A pesquisa teve o objetivo de encontrar relações entre os parâmetros clínicos laboratoriais observados na doença de Chagas que possam colaborar com a elucidação do diagnóstico e prognóstico da doença.

O trabalho avaliou diversos parâmetros clínicos laboratoriais em camundongos imunocompetentes (que tem propriedades imunológicas) e imunossuprimidos (com sistema imunológico enfraquecido), que foram infectados com diferentes concentrações de Trypanosoma cruzi, o agente relacionado a causar a doença de Chagas. O número de parasito e as taxas de mortalidade foram verificados em todos os animais no decorrer da pesquisa. Após os animais apresentarem sinais agudos da infecção, amostras biológicas foram coletadas (sangue, urina e tecido cardíaco) para avaliações. Diferentes parâmetros foram mensurados, incluindo hematológicos, bioquímicos (biomarcadores funcionais), inflamatórios (citocinas, infiltrado inflamatório e presença do parasito no tecido cardíaco). No estudo, os 40 animais integrantes do grupo imunocompetente sobreviveram até o final do experimento, por outro lado, a infecção com o T. cruzi foi capaz de causar uma taxa de mortalidade significativa no grupo imunossuprimido, o que leva a crer que a taxa de mortalidade foi dependente da concentração de parasitos infectantes.

De acordo com os autores, a observação dessa relação entre o parasita (Trypanosoma cruzi) e o hospedeiro (camundongo) aprimora a compreensão dos diferentes mecanismos das relações e permitirá avanços preciosos, um conhecimento que abre perspectivas para alcançar melhorias no diagnóstico e na compreensão do prognóstico da doença de Chagas, sobretudo no que tange à busca por uma melhor qualidade de vida para as pessoas infectadas com o parasita.

A publicação

O estudo foi publicado neste mês em uma revista internacional de prestígio da comunidade científica, a “Frontiers in Immunology”, especializada em ciências da saúde e ciências biológicas (Imunologia). Os pesquisadores encontram-se envolvidos com novas investigações na tentativa de construir evidências consistentes que possam ser aplicadas no futuro.

Acesse o estudo clicando aqui.

A doença

A doença de Chagas foi descoberta pelo pesquisador Carlos Justiniano Ribeiro Chagas, em 1909. Em todo mundo, a doença ainda afeta cerca de 6 a 7 milhões de pessoas. “Muito se avançou no conhecimento sobre a infecção e suas relações com a doença em humanos, mas dada a complexidade do parasito e as suas relações com o meio ambiente e o próprio ser humano, ainda se tem muito a se entender sobre as relações parasito e hospedeiro. A principal contribuição do trabalho realizado pelo grupo foi justamente compreender ou quantificar qual o impacto ou efeito dessas relações em parâmetros usualmente utilizados para o diagnóstico e prognóstico da doença. Com isso, foi possível demonstrar pela primeira vez a possibilidade da aplicação de modelagem estatística para predição do diagnóstico e prognóstico”, concluiu Wellington Francisco Rodrigues.