57 anos de UFRN

Quem dos potiguares acima dos 40 anos não tem um familiar que não tenha passado, estudado, “se formado” nas salas de aula da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)? A indagação é apenas para rememorar que essa instituição tão familiar a cada um dos norte-rio-grandenses, completa 57 anos no próximo dia 25 de junho. Lembramos disto por que sabemos que a UFRN faz parte da história de boa parte dos norte-rio-grandenses e ocupa algum cantinho do baú de nossas memórias afetivas. De certa forma mistura-se às lembranças de milhares de histórias de nossas vidas.

Falar sobre esse fato não nos remete a saudosismos. Mas, sim, à consciência de sabermos que conduzimos, e agora pela segunda vez desde o dia 28 de maio, não apenas uma Universidade e sim a maior e mais antiga, e há certo tempo uma das melhores entre as públicas do Norte e Nordeste brasileiros. É certo que cinco décadas não são nada diante da história das primeiras universitas lá do século XII. Entretanto, assim como as milenares, a nossa UFRN se tornou em sua curta história de vida um patrimônio público, pois foi forjada na cultura do povo potiguar. Não é demais lembrar que a saudação de sua instalação foi proferida pelo grande mestre, Câmara Cascudo, em sessão solene sob a iluminação centenária do Teatro Alberto Maranhão, outro patrimônio histórico de nosso povo.

Fundada em âmbito estadual pelo Governo Dinarte Mariz, e denominada Universidade do Rio Grande do Norte, foi federalizada dois anos depois, passando a ser chamada carinhosamente de UFRN. Instalada na antiga casa da Av. Hermes da Fonseca, onde funciona atualmente o Comando do 3º Distrito Naval, a instituição passou a ter “o jeito de ser de uma universidade” quando na década de 70 se mudou para o campus central, em Lagoa Nova, nos limites da BR 101. Cresceu nesse grande bosque, ampliou a infraestrutura, avançou na qualidade e diversificou a oferta de serviços na área do ensino público superior.

A UFRN tornou-se referência no que faz, principalmente pela pesquisa voltada para o uso social. Estendeu os braços do campus central, na capital, e alcançou o interior do estado, começando por Macaíba, Região Metropolitana da Grande Natal, e chegando às Regiões do Trairí e do Seridó. Assim, está presente com ensino de graduação e de pós em cinco campi, além de manter polos do ensino a distância (EaD) em 11 polos no interior.

Aliás, desde sempre, a partir dos reitorados do Professor Onofre Lopes da Silva, um grande construtor desse projeto chamado UFRN, a instituição dialoga, troca saberes, permuta serviços com as comunidades interioranas. O CRUTAC em Santa Cruz é uma prova dessa vocação e serviu de modelo de “extensão universitária” para instituições nacionais e de fora do Brasil. Dessa época em diante já se vão 15 reitorados exercidos por nomes de expressão em diversas áreas da comunidade universitária da UFRN: Onofre Lopes da Silva (1959-1971), Genário Alves da Fonseca (1971-1975), Domingos Gomes de Lima (1975-1979), Diógenes da Cunha Lima (1979-1983), Genibaldo Barros (1983-1987), Daladier da Cunha Lima (1987-1991), Geraldo Queiroz dos Santos (1991-1995), José Ivonildo do Rêgo (1995-1999) Óton Ancelmo dos Santos (1999-2003), José Ivonildo do Rêgo (2003-207 e 2007-2011) e eu, Ângela Maria Paiva Cruz, ora iniciando a segunda gestão, de maio de 2015 a 2019, dessa vez com o Professor José Daniel Diniz Melo, vice-reitor.

Registre-se que todos os reitorados deixaram marcas do seu trabalho em benefício do desenvolvimento institucional. Por isso nos tornamos esse gigante e atingimos essa data com grandes feitos. Se, no início dos anos 60, 70 e 80 centrávamos nossos esforços no ensino e na extensão, avançamos da década de 90 em diante, a ponto de nos tornamos uma instituição que faz pesquisa e inovação. Cruzamos o aniversário da UFRN com mais de 100 pedidos de patente, registros e/ou marca de produtos desenvolvidos por meio da pesquisa institucional.

Para se ter uma idéia do tamanho dessa Universidade, temos até abril de 2015 32.449 alunos matriculados na graduação e outros 5.075 alunos na pós­graduação Stricto Sensu; 2.986 alunos matriculados na educação básica, no ensino médio técnico profissionalizante e 313 alunos matriculados na educação infantil, no Colégio de Aplicação (NEI). São 111 cursos de graduação (100 presenciais e 11 a distância), nas mais diversas áreas do conhecimento; 102 cursos de pós­graduação Stricto Sensu (68 Cursos de Mestrado e 34 de Doutorado). Funcionamos com 74 Departamentos acadêmicos e as escolas: Agrícola de Jundiaí (EAJ), de Enfermagem, de Música, de Ciência e Tecnologia (ECT), alem de um complexo hospitalar com três hospitais e 39 Residências Médicas e Multiprofissionais. Somos quase 6 mil servidores, dos quais quase a metade docentes, e os técnicos. E apesar de termos crescido fisicamente a olho nu, há muito ainda por crescer. São 52 obras em andamento só no campus central, em Natal.

Contudo, queremos reafirmar nessa data que a instituição mantém com a mesma vocação para alargar os horizontes do ensino de graduação, pós-graduação, técnico e tecnológico que oferta. Igualmente como fazíamos no CRUTAC e fazemos com o Trilhas Potiguares, vamos continuar chegando às populações mais afastadas dos grandes centros urbanos e partilhar o conhecimento acumulado por meio de serviços essenciais. Esse mesmo conhecimento é levado às instituições governamentais para a elaboração de políticas públicas que garantam o desenvolvimento do Rio Grande do Norte.

Nesses 57 anos, sob sol ou chuva, em crises ou em épocas de calmaria, longe ou perto, presencial ou a distância, a UFRN está sempre presente na vida dos potiguares. Ora com o conhecimento gerado, ora com técnicas, tecnologias e capital humano. O mundo produtivo do nosso estado que o diga. Qual empresa, repartição pública, organização do terceiro setor ou corporação militar não tem entre suas equipes alguém preparado ou com diploma conferido pela UFRN?

Estamos de parabéns todos que fizemos parte dessa história. Principalmente a sociedade norte-rio-grandense. Sem ela, não estaríamos em pé, por que é ela que servimos. Porém, concomitante a esse olhar para o que fomos e somos, e além das preocupações com a gestão diária dos processos internos, temos a obrigatoriedade de zelar pela imagem que a UFRN espelha para a região na qual se insere. Enquanto gestor deve-se visualizar um futuro para a instituição, de forma que a contemple sempre como uma estrela a iluminar o caminho de centenas de milhares de pessoas que virão a passar por aqui.

Ângela Maria Paiva Cruz – Reitora da UFRN