“A comunicação das universidades federais é um serviço essencial aos brasileiros”, afirma coordenador do Cogecom

Entre os dias 19 e 21 de outubro, o Colégio de Gestores de Comunicação das Universidades Federais (Cogecom) se reuniu em um evento remoto para debater políticas nacionais de comunicação social e propor a construção conjunta de ações entre as universidades federais. Incialmente prevista para ocorrer na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a quinta edição do encontro nacional foi adaptada para o ambiente virtual em função da pandemia de COVID-19 e teve a participação de gestores de comunicação de todas as universidades federais brasileiras.

Para conhecer melhor o trabalho do Cogecom, conversamos com o coordenador, professor Márcio Guerra (UFJF), que conclui a gestão à frente do colegiado em dezembro.

Professor, uma comunicação estratégica nunca se fez tão necessária quanto nesse momento de novas tecnologias e com a propagação de fake news. Como tem sido essa vivência para as comunicações das universidades federais?
De fato, esse bombardeio de novas tecnologias e as fake news têm se tornado o grande desafio para todos nós. Na verdade, hoje, para que se faça uma comunicação estruturada, é necessário, ao mesmo tempo em que se comunica, combater aquilo que é a desinformação. A sensação que se tem é a de que se construiu um arsenal contra as universidades, impedindo que possamos estar em paz para realizar o trabalho que a sociedade brasileira precisa, que é importante e que é o reflexo do que as universidades fazem.

Quais têm sido os maiores desafios para as comunicações das universidades federais desde o início da pandemia?
O principal desafio foi divulgar, com a intensidade necessária, todas as informações sobre o que as universidades estavam fazendo – e muito tem sido feito. Ao mesmo tempo, houve a necessidade de divulgar o que realmente é ciência e combater o que era invenção e fake news. Essa foi a motivação para realizarmos uma pesquisa nacional, que mostrou o quanto as universidades estão contribuindo para combater a Covid-19.

Sobre essa pesquisa, foi um levantamento sobre as ações de enfretamento à pandemia pelas universidades federais, refletindo a unidade do colégio e dos objetivos dos gestores que compõem esse coletivo. A que o senhor atribui esse fortalecimento do grupo?
Esse levantamento foi uma consequência de outras ações que a gente foi tomando na gestão do Cogecom, e alcançamos essa unidade mostrando aos colegas assessores que não adiantava ficar na luta sozinho, que nós precisávamos juntar forças para mostrar informações que representassem realmente o papel das universidades públicas brasileiras. Então, fomos conseguindo, aos poucos, mostrar para o grupo que o fortalecimento coletivo se refletiria em todos e, dessa forma, trabalhar em unidade se tornou mais fácil. Eu atribuo isso também ao apoio que a gestão da Andifes deu ao Cogecom, para que a gente pudesse ter a liberdade de pesquisar, informar e de trabalhar contando com esse suporte da associação.

Sobre o evento nacional, realizado remotamente, como foi a preparação?
Foi tranquila. A nossa vontade era do encontro presencial, que é sempre muito rico, pois nos permite, além da programação, sentar com os colegas em espaços de confraternização, compartilhar uma refeição, em ocasiões onde podemos trocar informações e experiências. Mas foi tranquilo, com toda a atenção da equipe da UFRJ, que foi a anfitriã do evento.

Quais foram os pontos altos do evento?
Sem dúvida os pontos altos, além da participação expressiva dos gestores de comunicação das universidades, foram as palestras dos professores Muniz Sodré [Professor emérito da Escola de Comunicação da UFRJ, vice-líder do Laboratório de Estudos em Comunicação Comunitária e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da UFRJ] e Jorge Duarte [Gerente de Comunicação Estratégica na Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Embrapa e diretor de Relações Acadêmicas da Associação Brasileira de Comunicação Pública], que enriqueceram muito o nosso encontro. De uma maneira muito significativa, as palestras nos chamaram a atenção para a necessidade de estarmos atentos à comunicação interna, pois quando a própria comunidade interna não conhece e não valoriza o trabalho que é feito dentro das universidades, fica muito difícil alcançar o público externo com a intensidade que se espera e que é desejável.

Quais foram os principais encaminhamentos e aprendizados desse encontro?
O principal aprendizado é que somos capazes de nos reinventar, superar desafios e continuar encontrando motivos para, cada vez, mais acreditar que a comunicação das nossas universidades federais é estratégica, é fundamental e, acima de tudo, é um bem e a prestação de um serviço importante para a sociedade.

Como foi a sua trajetória à frente da coordenação do Cogecom, desde o primeiro mandato?
No início, senti uma certa insegurança e um certo receio de como eu seria recebido na Andifes e como iria me comportar diante de todos os reitores e reitoras. Mas eu fui muito bem acolhido pela diretoria, pelo secretário executivo e pelos gestores, o que tornou tudo mais fácil. Então eu consegui, junto com a professora Rose [Pinheiro, gestora de comunicação da UFMS] e o professor Eduardo [Martinez, ex-gestor de comunicação da Unipampa] – dois extraordinários colegas de gestão, fazer com que a gente ampliasse o valor que o Cogecom tem perante a própria Andifes. E isso foi uma das principais conquistas que eu atribuo ao período em que estive como coordenador.

O Cogecom elegeu a nova coordenação para o próximo ano. Quais são os principais desafios a serem enfrentados e estratégias?
Há muitos desafios, inclusive para mim, porque eu continuo na coordenação, agora no cargo de vice-coordenador, ao lado da professora Rose Pinheiro, que assume a coordenação. Seguiremos trabalhando para ampliar essa união do grupo, mantendo o respeito dos reitores, cumprindo aquilo que foi proposto na “Carta do Rio de Janeiro”, escrita ao fim do evento, e cada vez contribuir para que a sociedade brasileira esteja informada, atenta e não mais fique omissa diante de tantos desrespeitos que temos visto acontecer.