Aluno do ProUni consegue ir para os EUA

Boa parte dos graduandos do Ciência sem Fronteiras tem perfil parecido. São jovens recém-entrados nos 20 anos, alunos muito aplicados da área de exatas de renomadas instituições públicas, como USP ou ITA. O baiano de Itapetinga Lincoln Barbosa Silva, que tomou gosto pelos estudos mais tarde que a média dos bolsistas, é um ponto fora da curva.

Quando estava na idade do vestibular, ele parou de estudar para trabalhar e acumular experiências e aproveitar as oportunidades da vida. Foi vendedor de loja, garçom, “o que aparecesse”. Acabou trabalhando com design gráfico em Salvador, se apaixonou pela profissão e decidiu voltar a estudar. Fez supletivo e se mudou para São Paulo para estudar na Universidade Senac, onde cursa o terceiro ano da graduação de desenho industrial com ajuda do ProUni, o financiamento universitário do governo federal.

Com a mudança, a ideia era continuar abrindo caminho para novas oportunidades. Ela chegou no começo do ano, quando Lincoln, aos 30 anos, ganhou uma bolsa para fazer um ano do curso no Rochester Institute of Technology, no Estado de Nova York. “Minha universidade não é credenciada com a Capes nem com o CNPq, então só pude fazer a inscrição no Ciência sem Fronteiras depois de ler muito bem o edital, que favorece alunos do ProUni, com boa nota no Eneme e dedicado à iniciação científica. Preenchi milhões de documentos e aqui estou eu nos Estados Unidos”, festeja o bolsista.

Lincoln viajou com todas as despesas pagas pelo governo, inclusive a anuidade da universidade (cerca de US$ 30 mil) e mora em um hotel mantido pelo Rochester, onde faz suas refeições diárias e frequenta academia e piscina.

Há um mês e meio nos EUA, Lincoln conta que as aulas são poucas, mas a quantidade de tarefas de casa e trabalhos toma maior parte de seu tempo. “É o jeito deles, a gente escolhe as matérias. Estou fazendo as que não tenho no Brasil, como exbhit design, que orienta a montar exposições e trabalhar com espaços de visitação pública, e consumer product design, em que estudo desenvolvimento de projetos de eletrodomésticos.”

Seu plano é voltar para São Paulo, terminar a graduação e arrumar uma oportunidade na área de desenvolvimento de produtos. “Sou obrigado a voltar e ficar dois anos no Brasil. É o que eu quero, apesar de estar vivendo uma das melhores épocas da minha vida.”

Um dos pontos positivos da experiência, conta o bolsista, é perceber as diferenças, crescer com elas e aprender a valorizar mais sua própria cultura. “Há muitas diferenças aqui, em alguns aspectos eles são mais avancados, mas em outros nós somos melhores. A estrutura do conhecimento e a forma de lecionar são parecidas, mas uma das coisas mais marcantes é que eu percebo que o Brasil tem qualidades, muitas possibilidades de crescimento e seus talentos.” (LM)