Alunos de direito na UFBA estão sem professor em dez disciplinas há dois meses

Depois de dois meses do início do segundo semestre, os alunos do curso noturno da faculdade de direito da UFBA (Universidade Federal da Bahia) estão sem professores para dez disciplinas.

Na segunda-feira (13), cerca de 300 estudantes fecharam a entrada da instituição, munidos de faixas, cartazes e apitos, cobrando da reitora Dora Leal a contratação de professores. Há disciplinas consideradas básicas como Direito Civil, Civil 2, Financeiro, Constitucional e Teoria do Direito, entre outras, cujas aulas ainda não começaram.

A situação não é exclusividade da faculdade de direito, uma vez que, segundo a pró-reitoria de ensino de graduação, a UFBA realizou concurso para preenchimento de 116 vagas, mas foi autorizada a nomear somente 70. No entanto, a administração da universidade não sabe precisar o número de matérias sem professor ou a quantidade de graduandos sem aula.
Oito professores para o direito

Com pouco menos de um mês no cargo, a reitora Dora Leal explicou que o período eleitoral impede a nomeação de docentes, mas garantiu que chamará aqueles que já estavam com a nomeação publicada no Diário Oficial da União.  “Vamos chamar ao menos oito professores para a Faculdade de Direito e com isso atender a algumas das reivindicações da unidade”, disse Dora.

Esse problema já havia sido apontado pelo UOL Educação. Um descompasso entre a projeção do Ministério do Planejamento e a expansão das universidades federais fez com que o segundo semestre de 2010 começasse com a carência de, pelo menos, 800 professores efetivos na rede.

O pró-reitor de ensino de graduação, Ricardo Miranda, acredita que em outubro próximo a instituição poderá chamar os 46 professores restantes por meio do banco de vagas, que prevê a reposição dos profissionais que deixam a universidade pelos mais diversos motivos. E, assim, completar a contratação das 116 vagas autorizadas para a instituição.
Reuni

O pró-reitor de ensino de graduação, Ricardo Miranda, ressalta que a contratação de professores não é um processo trivial. Na Ufba, o número de vagas mais que dobrou, passando de 3.851 em 2003 para 7.991. Foram abertos cursos noturnos e ainda criados dois campi, nas cidades de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, e Barreiras, no oeste.

Miranda não soube precisar a necessidade real de educadores na universidade baiana, mas destacou que o quadro de docentes temporários é formado por 591 professores. “Como na maioria das universidades, faltam professores em quase todos os cursos, mas estamos trabalhando para atenuar esse quadro”, disse. “Acreditamos que até 2012 conseguiremos chegar a um número razoável de recomposição do quadro”, garante o pró-reitor.
Frustração de estudante

Representando os estudantes, Waldeck Alcântara, observa que ao ingressar em uma instituição pública, o aluno acredita que terá um curso de qualidade, mas vê seus sonhos frustrados pela falta de docentes. “Disponibilizar ensino público de qualidade para as pessoas que trabalham durante o dia é muito bom, mas, ao chegar à sala de aula e deparar-se com a ausência de professores, é frustrante”, diz ele.

No entendimento de Waldeck, o problema provoca atraso na grade curricular e, consequente, desperdício de dinheiro público.

Os estudantes disseram ainda que o diretor da faculdade, Celso Castro, havia se comprometido, antes do início do semestre, com a nomeação de professores, mas isso não aconteceu. Celso Castro admite que a reclamação do alunos é procedente e afirma que solicitou junto à reitoria a nomeação dos professores aprovados em concurso. Segundo ele, a reitora garantiu a convocação de ao menos parte dos docentes e, no curto prazo o problema deverá estar solucionado. Ele assegurou também que está com os estudantes nesta luta e previu chegar em 2011 com 100% do quadro de professores fechado.