As Ifes e o desenvolvimento do Nordeste

No mundo atual, destacam-se três aspectos fortemente marcantes: o avanço da globalização, a emergência da sociedade do conhecimento e o novo status econômico dos BRIC’s (Brasil, Rússia, Índia e China). Está em curso, há mais de três décadas, uma fase de inovações tecnológicas revolucionárias. As universidades vêm tendo um papel preponderante. O país ou região que ficar à margem desse progresso pode estar condenado ao atraso.

O Governo do Presidente Lula está sendo um dos mais relevantes da história brasileira. O Brasil que começou a governar, em 2003, padecia de profundos desequilíbrios econômico, financeiro, monetário, fiscal, cambial e social. Hoje, superando os efeitos da crise de 2009, o País tornou-se um dos países de economias emergentes mais importantes. Ao final deste ano, a economia brasileira será a sétima ou oitava maior do mundo. De 2011 a 2020, no novo cenário mundial pós-crise, poderá vir a ser a quinta. As quatro maiores economias deverão ser, pela ordem, as dos EUA, China, Japão e Alemanha.

E nós nordestinos, aonde vamos? Existem dois caminhos. Um que nos manterá nas trevas do subdesenvolvimento, se muito dos nossos líderes continuarem sendo uma espécie de Moisés às avessas. O outro será o da busca racional do desenvolvimento sustentável. O que requer uma nova consciência das elites sociais da Região, rompendo o pacto implícito com o atraso.

Nos anos pós 1960, reverteu-se a tendência crescente do desequilíbrio econômico do Nordeste. Os resultados alcançados, nesse longo prazo, ficaram, porém, muito aquém. Manteve-se o atraso da Região em nível crítico. De 1995 a 2007, a sua participação no PIB brasileiro (algo como 13%) foi menos da metade do que representa a sua população na do País (28%).

De 1960 a 1980, as reformas estruturais e sociais do Nordeste pretendiam dotar a sua economia de níveis de produtividade e eficiência compatíveis com os padrões nacionais. Agora, essa reestruturação tem que se pautar por padrões competitivos mundiais. Isto revela que as ações voltadas ao desenvolvimento regional devem dedicar ênfase especial à educação, ciência e inovação tecnológica e organizacional.

Contemporaneamente, as possibilidades econômicas de um país dependem essencialmente de educação de qualidade, em todos os níveis, e conhecimento científico-tecnológico. Sem esses elementos potencializadores, os tradicionais fatores de produção (recursos naturais, capital e trabalho) já não mais constituem as condições básicas ao desenvolvimento.

Para o Brasil, e um tanto mais para o Nordeste, o desenvolvimento sustentável depende de um eficiente processo de educação do seu povo. A estratégia básica é formar recursos humanos de boa qualidade e gerar e difundir conhecimentos. O papel da universidade é da maior relevância. Primeiro, para fomentar os níveis inferiores de ensino. Depois, para assegurar o suporte adequado de ciência e tecnologia ao desenvolvimento regional.

As IFES nordestinas, pelo que conseguiram de avanço e melhoria de qualidade, constituem o mais importante feito do Governo Federal no Nordeste. Os dados de 2008 revelam que essas instituições alcançaram uma dimensão acadêmica invejável: a) quadro docente com 19.934 professores, 8.100 deles doutores, b) 199.302 alunos de graduação e c) uma oferta anual de 53.352 vagas para ingresso de novos alunos. O Orçamento total dessas IFES, que em 2010 é de R$ 7.461 Milhões, representa, de longe, um dos maiores investimentos anuais contínuos do Tesouro Nacional na Região.

(1) Inclui Hospitais Universitários, Pessoal Inativo e Pensionistas.

Na pós-graduação, pesquisa e produção científico-tecnológica, as IFES nordestinas alcançaram elevado padrão qualitativo. As suas atividades contemplam todas as áreas do conhecimento: Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Exatas e da Terra, Engenharias, Ciências Agrárias, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas, Lingüística e Letras.

Essa base acadêmica e científico-tecnológica é muito bem dotada de laboratórios, instalações e estrutura técnico-material. As principais especialidades concentram-se em áreas da maior importância para os segmentos produtivos modernos e complexos: Farmácia, Energias Renováveis, Eficiência Energética, Hidráulica e Saneamento, Tecnologia da Informação, Biocombustíveis, Engenharias, Arquitetura e Urbanismo, Produção Industrial, Produção Agropecuária, Estatística, Matemática, Física, Química, Meio Ambiente, Novos Materiais, Petroquímica, Tecnologia de Solos e Espécies Vegetais e Animais.

É preciso deixar claro que o desenvolvimento do Nordeste é a condição necessária e suficiente para o desenvolvimento do Brasil. Impõe-se, portanto, como prioridade nacional a superação do atraso regional. É confortável saber que a Região tem uma excelente base de geração de capital humano, ciência e tecnologia. Vale lembrar que, no ano de 1960, ao se iniciar com a recém criada SUDENE uma nova política de desenvolvimento regional, as universidades locais tinham menos de 300 doutores Hoje, só a Universidade Federal da Paraíba conta com 1.200 professores-doutores.

As universidades federais do Nordeste tornaram-se fundamentais para o desenvolvimento da Região. Basta ver a dimensão e qualidade dos seus corpos docente e discente e da capacidade científico-tecnológica. Tem que se dar maior ênfase à integração dessas instituições com o desenvolvimento socioeconômico regional.