Assistência ao estudante é falha nas universidades públicas

Só 12% dos universitários recebem algum tipo de apoio. Mesmo entre cotistas, ajuda chega a apenas 23% do total

RIO — Dos quase 1,5 milhão de estudantes matriculados em instituições públicas de ensino superior no Brasil, apenas 12% recebem algum tipo de apoio social. É o que mostra uma análise feita por Marcelo Paixão, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas e Sociais das Relações Raciais (Laeser), com base nos microdados do Censo da Educação Superior 2010. Por apoio social, entende-se auxílio para alimentação, moradia, transporte e aquisição de material didático.

Problemas com bibliotecas, livros e restaurantes

Levados em conta apenas os alunos beneficiados por políticas de ações afirmativas — em tese os que precisam ainda mais deste tipo de assistência —, a situação é um pouco melhor: 22,5% recebem algum apoio. A maior parte deles conta com bolsas-permanência. Paixão ressalta que, neste grupo, apenas 0,3% dos matriculados têm ajuda para comprar livros, enquanto 1,3% recebem auxílio para moradia e 4,3%, para transporte.

Segundo o pesquisador, o número de estudantes atendidos é muito baixo e prejudica a sua inclusão no ensino superior. No Rio, a UFRJ e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) adotam as ações afirmativas no processo seletivo. Já a Universidade Federal Fluminense (UFF) terá cotas sociais a partir da seleção deste ano.

— As cotas são uma medida benéfica, pois ajudam quem teria dificuldade de acesso, em geral, devido a fatores econômicos. Só que, sem assistência, surge um obstáculo adicional. É preciso que as políticas de inclusão sejam pensadas de maneira integrada. Não basta colocar o aluno mais pobre dentro da universidade. É necessário, também, dar condições para sua permanência. Em cursos de maior prestígio social, como Medicina e Engenharia, os gastos só com livros chegam a ser proibitivos — afirma o professor.

Caroline Sales, aluna do 6 período de Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, e oriunda do sistema de cotas da instituição, conta que a falta de apoio atinge todos os estudantes. Segundo ela, a UFBA até oferece uma bolsa-permanência para os cotistas, mas a oferta é limitada “e é preciso ser praticamente um miserável para conseguir”.

— A gente não tem assistência estudantil aqui. Para conseguir uma bolsa, é preciso ter renda muito baixa. O alcance do auxílio financeiro é limitadíssimo. A UFBA tem vários campi. Alguns são muito afastados do Centro, e em apenas um deles há restaurante universitário. Além disso, não existe transporte entre eles. Se você quiser almoçar no bandejão, precisa pegar um ônibus para ir e outro para voltar. E ainda corre o risco de, quando chegar, já terem distribuído todas as senhas — relata Caroline, que ainda reclama do acervo das bibliotecas. — A do meu campus está caindo aos pedaços, não tem muitos livros. Apelo para xerox.

Mas não são apenas os alunos de cotas que sofrem com a falta de auxílio estudantil. Quem não tem dinheiro para comprar os livros didáticos, por exemplo, deveria recorrer à biblioteca da sua universidade. O problema é que, em diversos casos, a quantidade de livros disponíveis é insuficiente para todos os estudantes e o tempo de empréstimo, limitado. Aluno do 3 período de Engenharia Elétrica da UFRJ, Renato Tomaz já entendeu que não é possível contar com a biblioteca quando chega a época de provas. Ele fez até um cálculo que demonstra o tamanho da diferença entre a necessidade dos alunos e o que é oferecido pela faculdade.

— Se você buscar no sistema de bibliotecas da universidade, deve ter entre 15 e 20 exemplares do livro utilizado na aula de Cálculo I. Apenas na turma de Engenharia Elétrica, entram 60 estudantes por semestre. Se você somar todas as engenharias, as licenciaturas e outros cursos que têm a disciplina, vê que é insuficiente; você é obrigado a comprar. Pelo menos, esse livro vai ser utilizado ao longo do curso. Há outros que você precisa comprar e usa apenas um semestre — critica o estudante.

Quem mora longe da faculdade também enfrenta problemas. Vinicius Barrozo, que cursa o 5 período de Publicidade na UFF, saiu da casa da mãe, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, e foi morar com a avó no Méier, na Zona Norte. Antes da mudança, ele levava até três horas para chegar à faculdade, no bairro do Ingá, em Niterói. Agora, o tempo de viagem fica entre uma hora e meia e duas horas. Na volta, ainda é obrigado a fazer o caminho até a estação das barcas em grupo, para evitar assaltos. Vinicius diz que, se pudesse, moraria em Niterói.

— Tenho aulas à noite. Então chego em casa muito cansado, sem a menor condição de estudar. Com o estágio no Centro durante o dia, só tenho tempo de ler os textos da faculdade no ônibus ou no fim de semana. Infelizmente, com a disparada dos preços dos imóveis, o aluguel em Niterói está muito caro, não tenho condição de pagar. Se a UFF tivesse um alojamento, eu me mudaria sem pensar duas vezes — diz Vinicius.

Em muitos casos, o auxílio é determinante para a conclusão do curso. Ana Carolina Macedo, de 24 anos, estuda Licenciatura em Matemática na Uerj. Ela entrou na instituição pelo sistema de cotas e recebeu a bolsa-permanência oferecida durante boa parte do curso. Uma pequena ajuda (R$ 300), mas preciosa. Quando ela começou a estudar na Uerj, não havia lá um restaurante universitário (o bandejão só foi inaugurado este ano), e o dinheiro cobria os principais gastos com passagem e alimentação.

— No início da faculdade, não dá para conseguir estágio; então, a bolsa faz toda a diferença. Tive colegas da Baixada que enfrentariam muitos problemas para se formar sem nenhuma ajuda. O dinheiro gasto aqui teria que sair do orçamento da casa — afirma Ana Carolina.

Procurado desde quarta-feira da semana passada para comentar a falta de auxílio para o estudante do ensino superior público, o Ministério da Educação (MEC) informou que não tinha nenhum porta-voz disponível. De acordo com o MEC, o Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) recebeu R$ 1 bilhão entre 2008 e 2011 e, no último ano, foram concedidos cerca de um milhão de benefícios.

 

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