Associação de universidades cobra punição rigorosa para acabar com trotes violentos

Brasília – O trote aos calouros nas universidade deveria ser eliminado, diz secretário executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Gustavo Balduíno. “Não é possível admitir em uma instituição educacional uma atitude que gere violência”.

Na noite de ontem (1º), um calouro de veterinária da Universidade Camilo Castelo Branco (Unicastelo), em Fernandópolis (SP), teve as roupas rasgadas e foi obrigado a beber álcool combustível pelos veteranos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, o caso foi registrado na delegacia do município como constrangimento ilegal.

Para evitar a ocorrência de casos como esse, Balduíno defende a institucionalização da recepção aos alunos que ingressam no ensino superior. “Não pode ser uma coisa deixada para os alunos de forma desorganizada”.

Os trotes violentos são praticados, segundo ele, por pessoas que já possuem uma “deformidade comportamental”antes de entrar na universidade. Por isso, Balduíno, defende a punição exemplar para desestimular ações semelhantes.

Para o secretário da Andifes, o ideal é que os novos estudantes sejam integrados com atividades de confraternização, visita às instalações das faculdades e ações de solidariedade.

Na linha de trotes que incentivam a cidadania, desde 1997 o projeto Trote Cidadão tenta ser uma alternativa às ações que desrespeitam ou agridem os novos estudantes. Segundo o coordenador da campanha, Daniel Vaz, a iniciativa contou com a participação de cerca de 250 instituições de ensino superior em 2009.

Entre as ações que fizeram parte dos trotes do ano passado, Vaz citou a montagem de um banco de doadores de medula na Universidade Federal de Viçosa e o plantio de árvores promovido na Universidade Federal da Bahia.

Ele ressaltou que o projeto obteve mais sucesso nas universidades onde as reitorias também se envolveram no trabalho de recepção dos estudantes. “Tem que haver uma mudança de consciência das instituições que, às vezes, acham que é mais fácil jogar a responsabilidade nos estudantes.”

A campanha é um “trabalho de formiguinha”, de acordo com Vaz. Para ele, os trotes violentos só vão acabar quando houver uma mudança de paradigma na sociedade e “a violência deixar de ser uma mercadoria”.

O diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE), Luís Felipe Marciel, destacou a possibilidade de o trote ser um instrumento educativo. A entidade apoia não só o Trote Cidadão como outras formas de interação entre os alunos novos e os veteranos, como a Calourada da UNE. Nessa iniciativa a entidade promove debates sobre o futuro do país.

Daniel Mello, Agência Brasil