Base Nacional Comum Curricular: até o dia 15 de março é possível enviar sugestões

A Base Nacional Comum Curricular (BNC), que até agora possui apenas a primeira versão, vem gerando polêmica entre professores e especialistas. O tema divide opiniões sobre o modo como vem sendo discutido e o curto prazo para a entrega do documento final, prevista para junho. O texto, elaborado por 116 especialistas, segundo o Ministério da Educação (MEC), terá uma série de revisões e mais duas versões antes de seguir para a discussão final no Conselho Nacional de Educação.

Até o dia 15 de março, todo e qualquer brasileiro pode, através do site http://basenacio nalcomum.mec.gov.br, participar de uma consulta pública e enviar críticas e sugestões para a elaboração do documento. Até o momento, segundo o MEC, As contribuições vieram de 233 mil usuários. Desses, 167 mil são professores e 35 mil mensagens vieram de escolas. A BNC, conforme divulgou o MEC, busca deixar claro os conhecimentos essenciais aos quais todos os estudantes brasileiros têm o direito de ter acesso e se apropriar durante sua trajetória na educação básica, ano a ano, desde o ingresso na creche até o final do ensino médio. “A Base será mais uma ferramenta que vai ajudar a orientar a construção do currículo das mais de 190 mil escolas de educação básica do país, espalhadas de Norte a Sul, públicas ou particulares” informou.

Com a BNC, segundo o MEC, ficará claro quais são os elementos fundamentais que precisam ser ensinados nas áreas de matemática, linguagens e nas ciências da natureza e humanas. A partir do documento final, os mais de 2 milhões de professores, segundo o ministério, continuarão podendo escolher os melhores caminhos de como ensinar e, também, quais outros elementos precisam ser somados nesse processo de aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos. Tudo isso respeitando a diversidade, as particularidades e os contextos de onde estão.

A proposta da BNC foi lançada em setembro e na época o então ministro da educação, Renato Janine Ribeiro, informou que o documento deve prever 60% dos conteúdos a serem aprendidos na educação básica do ensino público e do privado, e os 40% restantes serão determinados regionalmente, com abordagem que valorize peculiaridades locais e também que considere escolhas de cada sistema educacional sobre as experiências e conhecimentos a serem oferecidos aos estudantes ao longo do processo de escolarização.

Enxurrada de críticas

A primeira versão da Base Nacional Comum recebeu uma enxurrada de contribuições e críticas exatamente nas disciplinas sobre as quais foram apontadas maiores deficiências. Português, matemática e história receberam metade dos 8,9 milhões de sugestões na consulta aberta para todo Brasil. O MEC defende que este é o momento ideal para críticas e a participação expressiva é um bom indicativo.

Até o momento, segundo o MEC, 24% das contribuições foram para português, o que representa 2,3 milhões de mensagens. Na sequência, aparecem matemática, com 1,1 milhão (14%), e história, com 978 mil (10%). As três áreas foram foco de críticas desde que o texto veio à tona, em setembro e uma das maiores polêmicas foi o fato de o MEC ter soltado a base para consulta sem o bloco de história. O ex-ministro Renato Janine Ribeiro declarou que havia falhas. O conteúdo proposto dá ênfase ao ensino de história indígena, considerada uma lacuna nas escolas brasileiras, mas ignora conhecimentos essenciais da história mundial, segundo as contribuições. Em português, umas das críticas foi sobre a ausência de gramática. Na parte de matemática, a fragilidade seria no grau de exigência. Em outubro, o ministro Aloizio Mercadante, ao assumir a pasta, disse esperar mudanças.

Depois da divulgação da primeira versão, o MEC convocou um grupo de 96 “pesquisadores renomados”, conforme divulgou, para fazer uma leitura crítica. Em paralelo, a equipe de 116 especialistas da primeira versão faz uma revisão específica. (com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)