UFRGS – Brasil tem bilhões em recursos para ciência não empregados, segundo SBPC

Helena Nader abordou os dilemas das ciências no Brasil em palestra no Campus do Vale

Para discutir sobre os atuais desafios enfrentados pelas universidades brasileiras, o ciclo de debates A universidade do futuro trouxe à UFRGS a professora Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que ministrou palestra no Auditório do ILEA na tarde desta sexta-feira, 25, no Campus do Vale.

Helena abordou os dilemas das ciências no Brasil e os desafios que os pesquisadores e as instituições enfrentam no atual cenário político e econômico. Em contraste com outras nações, Helena ressaltou que o país recebe a maior parte da verba destinada à ciência do setor público, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Ou seja, no Brasil, é o Estado que financia pesquisa, com ínfima participação do setor privado, exatamente o oposto do que acontece em países desenvolvidos.

Considerando a origem das verbas no Brasil, a presidente da SBPC destacou que uma grande parte desses recursos, cerca de 30%, era captada pelo CT-Petro, um dos fundos setoriais que também financiam a pesquisa. O dinheiro lá depositado é o equivalente a 25% da parcela do valor dos royalties que exceder a 5% da produção de petróleo e gás natural. Os recursos vindos desse fundo, no entanto, foram drasticamente reduzidos, conforme os dados apresentados por Helena. Em 2015, o valor depositado foi equivalente a 10% do destinado no ano passado.

Para enfrentar essas dificuldades, a palestrante sugeriu algumas alternativas de onde as instituições podem buscar novas fontes de recursos. Uma delas é o Fundo Social, do qual a SBPC tenta garantir o repasse de 50% à ciência e tecnologia – os outros 50% são destinados à educação e à saúde. “Ainda não conseguimos, mas seguimos na luta para isso”, ressaltou. Ela citou também a verba da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), que destina ao FNDCT 2% do que arrecada, e o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (FUST). “São bilhões de reais em recursos pelos quais a gente tem que brigar, porque não estão sendo usados, estão sendo contingenciados”, salientou.

Além da contextualização da situação da ciência brasileira em termos econômicos, Helena indicou outros temas aos quais as instituições e os pesquisadores devem estar atentos, como o aperfeiçoamento dos marcos legais e o incentivo à interação universidade-mercado. “A cooperação é muito importante para aumentar o impacto da pesquisa brasileira”, argumentou.

Assessoria de Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul