Capes descongela 2,2 mil das 7 mil bolsas de pós-graduação suspensas

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) liberou na semana passada parte das 7.408 bolsas de pós-graduação congeladas por conta nos cortes no orçamento. Segundo a Capes, 2.295 bolsas foram reinseridas no sistema. Segundo o órgão, ligado ao Ministério da Educação (MEC) as demais bolsas estão sob análise.

A medida ocorre em virtude da redução do orçamento. Neste ano, os dois cortes anunciados no Ministério da Educação somaram uma queda de 17,7% da previsão incial.

Carlos Fernando de Mello, professor e coordenador do fórum de pós-graduação de Farmacologia da Sociedade Brasileira de Farmacologia, diz que a redução do número de bolsas afeta o ingresso de novos alunos, e consequentente a educação do país. “Houve um corte no número de bolsas de doutorado sanduíche no exterior. É uma pena porque esses jovens talentos, alunos de pós são importantes para a formação de novos alunos. É um ciclo”, diz.

Entre as bolsas disponibilizadas, 1.445 são para cursos de mestrado, 678 doutorado e 172 e para pós-doutorado. Quem já é bolsista não será afetado, segundo a Capes. O órgão informou que possui um total de 88.314 bolsas no país e os estudantes vão continuar sendo pagos normalmente, “mantendo assim o compromisso com a formação de recursos humanos avançados no país.”

Bolsas no exterior suspensas

Outra agência de fomento à pesquisa vinculada ao governo, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), suspendeu temporariamente a concessão de bolsas no exterior até que os recursos que as mantém sejam descontingenciados, após aprovação de lei. No entanto, o CNPq informou que não vai suspender bolsas já concedidas.

No ano de 2013, o órgão destinou 16.943 bolsas no exterior, sendo 16.579 pelo programa Ciência sem Fronteiras. Ao longo dos anos, à medida que os recursos foram minguando, o número de bolsas sofreu queda considerável. Em 2014 foram 9.783, no ano passado caiu para 902 e neste ano, apenas 72 bolsas no exterior foram concedidas pelo CNPq.

O problema também atingiu a concessão de bolsas dentro do país. Caiu de mais de 125 mil em 2013 para 61 mil neste ano.

Cortes no orçamento

No ano passado, o corte no Ministério da Educação foi de R$ 9,42 bilhões (de R$ 48,81 bilhões para R$ 39,38 bilhões, um total de 19,3%. Neste ano, os dois cortes anunciados somaram uma queda de 17,7% da previsão incial.

Se comparados os dois orçamentos, neste ano o MEC terá que trabalhar com uma verba 23% menor, perda de mais de R$ 9 bilhões. Apesar do corte, o MEC ainda tem o terceiro maior orçamento, atrás de Desenvolvimento Social com 30,8 bilhões e da Saúde, com R$ 87,9 bilhões.

 

Do G1, em São Paulo