Cefet/RJ – Atividades integram campanha “21 dias de ativismo contra o racismo”

O Cefet/RJ se somou às instituições promotoras da segunda edição da campanha “21 dias de ativismo contra o racismo”, criada com o objetivo de convocar a sociedade do Rio de Janeiro a refletir sobre o enfrentamento ao racismo em todos os espaços da vida social. A instituição contribuiu para o debate com atividades acadêmicas e artístico-culturais abertas à participação tanto do público interno quanto do externo.

Com o tema “Estéticas negras libertárias”, foram realizadas várias ações artístico-culturais no dia 6 de março. A programação iniciou com um laboratório de Teatro do Oprimido voltado para os alunos do ensino médio-técnico. O Teatro do Oprimido consiste em um método de viés político, social, ético e estético, criado por Augusto Boal, nos anos de 1960, com o propósito de contribuir para a transformação social. Após o laboratório, foi lançado o livro “Raízes e Asas”, de Bárbara Santos, considerada referência no método teatral.

No mesmo dia, houve a apresentação do grupo Cor do Brasil, coletivo que reúne artistas-ativistas negros e negras. Também foi possível conferir o espetáculo de Teatro Fórum “Nega ou Negra?”, encenado pelo coletivo Madalena Anastácia, grupo de mulheres negras ativistas que integra a Rede Internacional Ma(g)dalena, composta por grupos feministas da América Latina, Europa e África, com a finalidade de promover a discussão e a criação de ações concretas para os direitos das mulheres.

No dia 14 de março, foi realizada a mesa-redonda “O mestrado em Relações Étnico-raciais, produção de conhecimento e a luta antirracismo”, com a participação dos docentes e pesquisadores Roberto Carlos da Silva Borges, Carlos Henrique dos Santos Martins, Samuel Silva Rodrigues de Oliveira e Talita de Oliveira, todos vinculados ao curso de pós-graduação. “O principal objetivo foi promover um debate interdisciplinar, evidenciando como as áreas de Estudos da Linguagem, Educação, Sociologia e História vêm reformulando as pesquisas sobre o campo das relações étnico-raciais e da luta antirracista, bem como contribuindo para a construção da democracia”, esclarece o professor Samuel de Oliveira.

Os docentes Samuel de Oliveira (à direita), Talita de Oliveira, Carlos Henrique Martins e Roberto Borges na mesa “O mestrado em Relações Étnico-raciais, produção de conhecimento e a luta antirracismo”
A mesa-redonda “Corpo negro e cinema”, ocorrida no dia 20 de março, abordou o tema a partir da perspectiva de coletivos de jovens negros que vêm produzindo cinema de alta qualidade no Rio de Janeiro. O debate envolveu os cineastas cariocas Hugo Lima e Bruno Ribeiro, além da psicóloga e mestranda em Psicologia Social Lumena Aleluia, todos participantes da 10ª edição do “Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul – Brasil, África e Caribe”, que celebrou os 80 anos do cineasta Zózimo Bulbul, ícone do cinema negro brasileiro. “Enfocamos a potência da produção cinematográfica na luta antirracista e na positivação das identidades negras”, explica o professor Roberto Borges, mediador da mesa.

A campanha “21 dias de ativismo contra o racismo” envolveu instituições e movimentos sociais do Rio de Janeiro na construção coletiva de uma vasta e diversificada agenda de atividades, entre os dias 6 e 27 de março. O ponto de partida da mobilização foi o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, comemorado em 21 de março para relembrar a marcha contra o Apartheid realizada por negros e negras da África do Sul no dia 21 de março de 1960, quando milhares de manifestantes foram agredidos pela polícia num ato que resultou em 69 mortos e mais de 180 pessoas feridas.

“Não é possível desvincular o assassinato da Marielle desse debate. A atividade que a vereadora participava antes de ser brutalmente executada integrava a agenda da campanha”, ressalta a professora Talita de Oliveira. A docente conta que alunos e professores do Cefet/RJ estiveram presentes no último ato da vereadora, realizado na Casa das Pretas, no dia 14 de março, e ficaram muito chocados com a notícia. “O acontecimento acabou reforçando a necessidade de continuarmos essa luta e sermos semente”, conclui.