Columbia quer ouvir português – Alto escalão da universidade líder em prêmios Nobel vem ao Brasil buscar novos estudantes

Quando a Universidade Columbia foi criada pela Coroa britânica, em 1754, os Estados Unidos não passavam de uma colônia com cerca de 1,2 milhão de moradores. Ironicamente, alguns dos primeiros alunos da instituição foram peças-chave na luta pela independência do país, em 1776. O espírito de propor o novo está no DNA da escola nova-iorquina até hoje. Columbia lidera o ranking de universidades com ganhadores de prêmios Nobel (são 40), seus alunos e ex-alunos já receberam 25 Oscars e sua Escola de Jornalismo concede o prêmio Pulitzer. É uma usina de ideias na cidade que nunca dorme.

“Columbia está numa posição privilegiada para concentrar o debate de questões globais”, diz Plínio Ribeiro, de 29 anos. Formado pelo Insper, ele concluiu em 2008 uma pós-graduação em meio ambiente e políticas públicas na universidade americana. Segundo o administrador, o curso foi tão exigente que ele não conseguiu aproveitar como gostaria a vida agitada de Nova York. “Mesmo com um monte de coisas acontecendo, passei o ano focado em estudar.”

Plínio foi um dos convidados na quarta-feira, 21, da apresentação da escola ao público brasileiro, parte do ciclo Grandes Universidades, promovido pela Fundação Estudar no Insper, zona sul de São Paulo, com apoio do Estadão.edu. Vieram a São Paulo o reitor de Columbia, Lee Bollinger, o pró-reitor acadêmico, John Coatsworth, e o diretor da Escola de Políticas Públicas e Relações Internacionais, Robert Lieberman. As palestras dos americanos foram seguidas de um debate com ex-alunos, mediado pelo diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour.

Na sexta-feira, 23, Bollinger anunciou oficialmente a abertura do oitavo escritório global de Columbia, no Rio. Segundo o reitor, esses postos avançados são “a melhor maneira” de a universidade entender os efeitos da globalização. Além do Brasil, cujo escritório começa a funcionar em setembro, Columbia atua em países como China, Turquia e Jordânia. “Nossos alunos e professores saem pelo mundo trabalhando em projetos acadêmicos sérios e interligados. Toda questão, hoje, precisa ser analisada num contexto global”, diz Bollinger.

Os global centers são mais um instrumento de Columbia para acelerar a internacionalização. De 2000 a 2011, o porcentual de estrangeiros no câmpus cresceu de 19% para 25%. Em 2011 a escola recebeu alunos de 160 países, principalmente chineses, sul-coreanos e indianos, entre seus 28 mil estudantes.

Agora Columbia quer atrair mais brasileiros. E estudar lá é uma “oportunidade rara”, assegura o empresário Julio Landmann, que fez um MBA em Nova York em 1975, aos 24 anos. Uma das experiências marcantes de sua passagem por Columbia foi a obrigação de ler O Manifesto Comunista. “Tinha pavor só de olhar para o livro, porque lembrava da repressão nos meus tempos de USP.”

Julio diz que “aprendeu a estudar” em Columbia. “Lá não tem essa de sentar na sala e o professor te ensinar a resolver o problema. Você tem de solucionar por conta própria, antes da aula”, afirma.

Segundo o advogado Marcelo Barbosa, mestre em Direito por Columbia em 1997, quem planeja estudar lá fora deve ter foco. “Avalie quais experiências você quer tirar do curso e monte um currículo que aproveite a diversidade que as escolas de Columbia oferecem.”