A USP (Universidade de São Paulo), que vive sua pior crise financeira em 30 anos, manterá em 2015 o corte de 30% de seu orçamento –redução já efetuada neste ano. A universidade também aumentou sua estimativa de déficit para o ano que vem: R$ 1,126 bilhão ante R$ 1,1 bilhão em 2014.

O orçamento de R$ 5,3 bilhões para 2015 foi aprovado pelo Conselho Universitário em reunião na tarde desta terça-feira (9) e poderá ser revisado em março e setembro.

Com a definição da previsão de gastos para os próximos meses, as reservas da USP, que estão sendo utilizadas para honrar pagamentos, deverão ser reduzidas quase à metade nos próximos 12 meses, passando de R$ 1,703 bilhão para R$ 880 milhões.

Para o reitor Marco Antonio Zago, se o Conselho Universitário houvesse optado por um corte drástico no orçamento e a redução do déficit, a USP ficaria paralisada em 2015.

“O que podemos fazer? Não posso parar a universidade”, afirmou o reitor ao final da reunião. “Não posso parar de pagar recursos para permanência estudantil, por exemplo. Se não destinarmos recursos para isso, para quê temos uma universidade?”

No orçamento aprovado nesta terça, os gastos com a chamada permanência estudantil, que incluem bolsas, moradia e auxílio-livro, subiram 104%.

Zago aposta em um plano de incentivo a demissões voluntárias de funcionários, que pretende reduzir em 6,5% a folha salarial, para conter os gastos da USP. Atualmente, 106% da verba recebida do governo estadual pela universidade é destinada a salários.

O reitor não informou quantos pedidos de demissão voluntária já foram efetuados.

VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Durante a reunião do Conselho Universitário, o reitor aproveitou para informar que a Comissão de Direitos Humanos da USP concentrará as iniciativas de controle e apuração dos casos de violações de direitos dentro da universidade.

Nos últimos meses, foram revelados casos de abuso sexual e outros tipos de violência dentro da USP. “A universidade não tem nenhum interesse em abafar qualquer caso”, afirmou Zago.

Segundo o reitor, qualquer denúncia de violação de direitos individuais deverá ser encaminhada pelos diretores de unidades para a Comissão de Direitos Humanos da USP. Caberá à comissão, presidida pelo ex-ministro da Justiça José Gregori, supervisionar todo o processo sem trabalhar na apuração.

“É uma comissão de nove membros, que não tem vocação para ficar pessoalmente apurando, ouvindo testemunhas. A comissão terá o processo de abertura de sindicância e o resultado. Assim, poderá separar o joio do trigo”, disse Zago.