Congresso discute circunstâncias da morte do reitor da UFSC

O Senado e a Câmara dos Deputados analisam as circustâncias da morte do reitor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Luiz Carlos Cancellier de Olivo. Nesta semana, a CDH (Comissão de Direitos Humanos) do Senado realiza audiência pública para analisar o assunto. O encontro será na terça-feira (21), às 9h.

Na Câmara, a expectativa é que até o fim do mês a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) ouça o ministro da Justiça, Torquato Jardim e o diretor-geral da Polícia Federal, Fernado Segovia, como explica a deputada Maria do Rosário (PT-RS) autora do requerimento:

— Conseguimos aprovar requerimento de audiência convocando Ministro da Justiça e diretor da PF e chamando o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para avaliarmos a prisão e a arbitrariedade da prisão. Várias vozes respeitáveis como a Andifes indicam abuso de autoridade que pode ser visto sob vários aspectos. O fato de ele não ter sido levado para a carceragem da PF e sim para uma penitenciária. A própria prisão em si. Outros que foram presos alegam vários abusos como ficar sem roupa. Sobretudo, eu sublinho a impossibilidade de acesso de apoio religioso, que foi pedido várias vezes e foi negado. Acho que é chocante isso.

Cancellier foi investigado pela Polícia Federal em uma operação que apurava irregularidades na aplicação de dinheiro para cursos de ensino à distância. Afastado da reitoria, Olivo cometeu suicídio em outubro. “A minha morte foi decretada quando fui banido da universidade”, escreveu o reitor afastado em bilhete. Antes de morrer, em entrevista ao Diário Catarinense ele falou da dificuldade em não estar na universidade.

— [Lamento] muito não estar na Universidade, não estar trabalhando, não estar cuidando do Hospital Universitário, não estar participando das atividades culturais, das reuniões com departamento. Esse afastamento é um exílio. Agora a gente entende o que é o exílio. Estou na cidade onde eu moro a três metros da Universidade. Não posso entrar na casa que eu convivo desde 1977, e eu conheço cada pedrinha da instituição. Então todas as manifestações [de solidariedade] vêm nesse sentido e me dão um conforto. Porque o corpo está muito sofrido. O corpo sofre. Eu recebo solidariedade e é muito importante. Porque as pessoas falam comigo. Eu não sou um foragido.

O requerimento para a audiência pública do Senado é da senadora Regina Sousa (PT-PI). Foram convidados para o debate desta terça Claudio Lamachia, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); José Sérgio da Silva Cristóvam, conselheiro estadual da OAB-SC; Diana Dias Sampaio, secretária-geral da Associação Nacional dos Técnicos de Nível Superior; Luis Eduardo Acosta, vice-presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior; e Juliano Scherner Rossi, procurador federal junto a UFSC.