Dilma não disfarça insatisfação com sucessão de erros no Sisu e situação do ministro da Educação ainda não é confortável

BRASÍLIA – Depois de uma semana de intenso desgaste por causa das falhas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o ministro da Educação, Fernando Haddad, saiu da “frigideira” do Palácio do Planalto, mas sua situação política ainda não é confortável no núcleo do governo. Segundo fontes do Planalto, o ministro continua na coluna de débitos da presidente Dilma Rousseff. ( Leia também: MEC divulga lista dos aprovados no Sisu )

No momento há o reconhecimento que, mesmo com problemas na gestão, ele cumpriu integralmente as determinações de Dilma ao demitir o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Joaquim José Soares Neto, após a sequência de falhas na divulgação das notas do Enem 2010 e no sistema que seleciona alunos para instituições de ensino superior. E também adiou as férias por ordem da presidente.

Mas ainda na sexta-feira, depois de sua audiência com Dilma no Planalto, o ministro voltou a escorregar. Não agradou à presidente e a seus auxiliares o fato de Haddad ter dito, na entrevista coletiva que deu no mesmo dia à noite, que gostaria de passar o aniversário com a família, no dia 25 de janeiro: “Tenho família, como vocês”.

Nas palavras de um colega de governo, foi uma declaração desnecessária para um servidor público com o grau de responsabilidade de Haddad, principalmente num contexto de uma crise na sua área.

A presidente Dilma já não disfarça, nas conversas com aliados, no Planalto, que está extremamente incomodada com as sucessivas falhas na área de Haddad. Ela já chegou a questionar internamente por que o Ministério da Educação não recorre ao mesmo modelo desenvolvido pela Receita Federal para a declaração anual de Imposto de Renda pela internet.

A expectativa no Planalto é que Haddad passe a acertar muito a partir de agora. Até porque qualquer novo erro o deixará numa situação de fragilidade política. Dilma e o próprio Haddad nunca tiveram proximidade durante o governo Lula. Foi por pressão do próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que Haddad foi mantido no cargo na gestão de Dilma.

Ainda na transição, com a crise do Enem, houve uma forte pressão da bancada do PT na Câmara pela substituição de Haddad. Os deputados petistas aproveitaram as falhas no Enem para tentar desestabilizar o ministro da Educação. Alegavam que ele não tinha uma boa relação com a bancada. Mas Dilma acabou atendendo ao pedido do presidente Lula.